Assunto bem interessante, Bruno. E na fotografia deve ensejar muito questionamento bem complexo mesmo.
Limitando ao tema de pessoas a fotografar, sempre confrontei questão semelhante desde que iniciei a faculdade de direito. É muito comum as pessoas (entre leigos e até colegas) vir questionar se eu defenderia um estuprador, um assassino ou ainda condenar os advogados desses sujeitos. Quando começo a argumentar que cabe ao juiz julgar se aquele sujeito é criminoso ou não e que a função do advogado não é acobertar o crime e sim garantir o direito de defesa que qualquer ser humano deveria ter, sou geralmente visto com maus olhos.
Estou em situação até fácil, já que não atuo como advogado, mas nem de longe coaduno com esse tipo de condenamento moral.
Na fotografia pode haver esse paralelo. O fotógrafo está exercendo sua função que cabe na sociedade - retratar - os julgamentos sobre a pessoa não devem recair sobre esse profissional.
Quanto ao tipo de trabalho ou veículo a questão talvez mereça outra abordagem. Uma coisa é retratar uma pessoa ou situação - como no exemplo do retrato acima - outra é deturpar ou ajudar a promover uma situação falsa, gravosa e imoral, como trabalhando de determinada forma ou em determinado veículo.
Faria o retrato da pessoa pública, mas não o faria se soubesse que seria algo forjado, por exemplo pago com dinheiro público de uma licitação superfaturada ou ainda fazer uma série de retratos de skinheads para um material de promoção dessas ideias.