Quem é pai e mãe sabe como é levar filhos na escola, nossa rotina é engessada, os horários sagrados, regrados como um relógio atômico.
Essa tarefa cabe a mim, por ter horários mais flexíveis, confesso que adoro, é uma das partes mais divertidas do dia, porém, sempre tem, um porém, na hora de estacionar é aquele porre, por isso, minha filha e eu andamos alguns quarteirões, e deixamos as vagas mais próximas da escola para pessoas com dificuldade de locomoção, e etc.
Não sei vocês, mas me emputece e muito, quando alguém para em cima da faixa de pedestres, mais ainda em fila dupla, pior em vaga de deficiente e para acabar de arrebentar tudo, quando passam a "milhão" onde tem crianças transitando.
Um dia extraordinário, levei junto meu menino, de colo ainda, e minha filha mais velha na outra mão, andamos 3 quarteirões, este loval é uma avenida e há uma lombada faixa de pedestre e bem onde tem a faixa diante do portão havia uma caminhonete enorme tapando a entrada e não havia como passar em volta, pois os carros estavam tão espremidos que não dava para passar, tive que ir até a outra esquina e atravessar com segurança com a garotada.
Muita gente viu o ocorrido, mas a maioria é omissa, não quer treta, não quer falar nada, acham chato, bom, deixei pra lá, pois estava com meu moleque, deixei minha filha e fui embora pensando em como resolver essa situação.
Dia seguinte a mesma caminhonete, no mesmo lugar, eu dessa vez com minha pequena, mochila de equipamento na "cacunda" e uma ideia "cozinhando" na cabeça.
Ao voltar, tirei a "maquinona" da mochila e comecei a fotografar a caminhonete, logicamente aquilo chamou a atenção, só ouvia murmúrios, quando derrepente aparece um cidadão e pergunta o que eu estava fazendo ali, respondi, estou fotografando.
Mas por que, está fotografando? Por que gosto de fotografar, disse, principalmente coisas imbecis!
E o que tem de imbecil por aqui para fotografar? Perguntou o cidadão, que até então nem havia lhe visto o rosto.
Guardando a câmera na mochila, respondi, todos os dias, vejo que esta caminhonete está estacionada neste local, procurei por alguma identificação de deficiência, mas nada vi, procurei por equipamentos de locomoção no interior, mas também não encontrei nada.
Então deduzi que a pessoa que faz isso, estaciona sobre o único local seguro para pedestre, que na maioria são crianças, e arriscam a integridade física de outras pessoas só tem uma explicação, deve ser um imbecil preguiçoso e egoista.
O cara bufou, ficou vermelho, vi cólera em seus olhos, achei que fosse partir para agressão física, chegou próximo ao meu rosto (achei que fosse me beijar) e disse a frase classica: Sabe com quem está falando? Disse a ele na maior calma do mundo, com toda essa confiança ou você é deus ou é o traficante mais poderoso da cidade!
Acho que ele nunca esperou por algo assim, murchou na hora, montou em sua caminhotete e foi embora.
No dia seguinte, a caminhonete não estava lá, e a inspetora que sempre ficava no portão ( e nunca se manifestava contra tais atitudes) veio me dizer que ele é investigador, para eu tomar cuidado.
Perguntei a ela onde era a classe do garoto dele, fui lá, e esperei ele chegar, mostrei as fotos a ele, de pessoas atropeladas e mutiladas no trânsito, e que agora sabia quem ele era, e que não tinha medo, se ele quisesse retaliação, estava pronto pra ele.
Ele perguntou se tinha as fotos da caminhonete, disse que sim, e tinha nossa conversa gravada pelo celular ( já me acostumei a fazer isso), ele apenas pediu para não postar, pois poderia prejudica-lo.
Concordei que tudo bem e colocariamos uma pedra no assunto.
Não contente fiquei intrigado, pedi a um primo que é despachante para averiguar a placa da caminhonete, para nossa surpresa, a caminhonete era roubada!
Homens e seus egos...