Onde os dois vídeos que eu postei estão errados não é no diagnóstico do lixo musical que está aí, nem do público lesado que está consumindo.
O erro está em culpar o meio fonográfico por isso tudo, quando na verdade eles foram vítimas. O meio fonográfico é composto de empresas privadas que visam lucro, e ao terem lucro mantém empregos, pagam impostos e produzem um produto que nós queremos - música.
A origem da lambança toda foi a pirataria. Quem liberou foi desonesto. Quem baixou foi desonesto. Numa primeira pensada, quando a pirataria foi generalizada as pessoas tinham toda a produção musical até aquela época disponível para baixar grátis. Não se tocaram que matariam a produção futura. Volto ao exemplo de fazer churrasco com a vaca que te dá leite...
A primeira consequência foi a gravadora apostar nos produtos mais certos e rentáveis e cortar o risco de apostar em bandas novas. Normal. Em épocas de crise é o que nós fazemos - pagamos a conta de luz e cancelamos a TV a cabo. As gravadoras sempre tiveram suas "Anitas", mas com a crise passaram a apostar APENAS nisso. E fazendo isso sobreviveram.
A lógica de show para divulgar disco foi invertida. O ganho hoje é no show. E aí o risco aumenta exponencialmente. Uma coisa é investir numa banda nova fazendo um disco de estúdio, divulgando nas rádios e botando uma tiragem nas logas. Outra totalmente diferente é pegar um desconhecido e montar uma super turnê. Se até os astros consagrados assaltam nossos bolsos (via Lei Rouanet) para bancar suas turnês, imagina para os desconhecidos.
Repara que a pirataria está na origem dos dois fatos. Do foco das produtoras nos "astros" fabricados e na inversão show x disco, que aumentou o risco de apostas em bandas novas.
O Régis Tadeu chegou perto, ao dizer que a música Jenifer é reflexo do próprio público. Já o outro culpa o mercado fonográfico, como se fosse uma conspiração, quando na verdade foi a "esperteza" da turma que generalizou a pirataria que gerou isso que a gente está vendo.