É mais ou menos isso mesmo. Tanto que um dos diretores da Canon citou que a empresa migrará parte da sua produção para outros setores mais lucrativos prevendo a queda de até 50% na venda de lentes, câmeras e equipamentos em 2 anos. Note que o diretor se referiu não apenas à Canon. Há 2 anos atrás, a Nikon teve que se reestruturar pois estava passando anos de prejuízo. Mas isso são outros fatores.
Existem vários aspectos na crise das 2 marcas:
- Parte dos clientes (seja europeu, japônes ou mesmo de um país de 3º mundo) que tinha uma DSLR ou Prossumer pra viagens e fotos de família, as vezes hoje está se contentando com fotos do Iphone;
- Novos Players: Sony, Panasonic e mesmo Gopro (não que uma gopro seja equivalente, mas o cara comprou a gopro pra vídeos de esporte, mergulho e etc e ele nao compra mais uma DSLR e uma caixa estanque)
Falando sobre o 'protecionismo' eu acho uma balela. Regulamentar a profissão de fotógrafo no Brasil traria sim algumas vantagens para quem se profissionalizar, mas pensando nos pós e contras, o lado dos contras é muito , muito maior.
Prós:
Regulamentação legal da profissão;
Exigência de valores mínimos para hora trabalhada.
Não adianta regulamentar, se não tem meios pra fiscalizar. O único conselho de classe que funciona melhor no Brasil é a OAB, tanto pela importância que ganhou com o tempo, como pelos valores que arrecada (A anuidade é perto dos 1.000,00 reais), e porque você tem um funil que se chama Justiça. Qualquer um pode falar Leis, escrever contratos e etc, a Lei impede, mas não há como fiscalizar. Mas toda ação passa pela Justiça, e exceto os Juízados Especiais, você precisa SER advogado para ter sua ação aceita! Faça uma petição inicial e assine: "João da Silva - Bacharel em Direito" e você responderá por exercício ilegal da profissão.
Com fotografia, seria impossível fiscalizar! São como as modelos. Existe DRT, que exige curso, e valores a serem pagos. Mas quantos de nós fotografamos modelos, ou vimos garotas bonitas em editoriais, propagandas e etc, SEM DRT!
Contras:
Sindicalização : sindicatos no Brasil representam o maior nível de arrecadação de dinheiro de todo mundo que trabalha. Ainda bem que com a reforma trabalhista, pelo menos isso tiraram a mamata. O Brasil é o país com maior número de sindicatos do mundo!
Sindicato podem ser de empresas (patronais) ou de empregados. Sindicatos não são ruins, eles basicamente são uma organização coletiva com a finalidade de exigir os direitos de uma categoria. O problema é você pagar sindicatos e eles não defenderem seus direitos. Idem para os conselhos de classe das categorias de autônomos: Sindicatos/Federações que funcionam:
- OAB: está se enfraquecendo, mas ainda tem bastante poder, e é uma das poucas que coloca alguma ordem na sua categoria;
- Bancários: Acordo coletivo nacional, 6 horas, pisos em diversos cargos, se não fosse sindicato forte, os bancos pagariam igual telemarketing;
- Metalúrgicos ABC Paulista: É um sindicato regional, mas com bastante força, que na medida do possível barra demissões, consegue pisos mais altos;
- Metrô SP
Agora veja, isso é um privilégio de poucas categorias. A maioria dos empregados, simplesmente vai se submetendo a pagamentos cada vez menores e condições piores. E os sindicatos apenas recebiam o valor do imposto sindical e nada faziam.
Jeitinho brasileiro: brasileiro é malandro e é corrupto e isso inclui eu e você. Você acha que não iriam pagar fotógrafos "por fora" pra fazer festas, casamentos e eventos. Oras, se brasileiro é o povo muito , muito ignorante, vocês acham que não iria se fazer isso... muita inocência pensar o contrário.
Mercado e tecnologia: é simplesmente impossível controlar a venda de câmeras , lentes e qualquer pessoa pode se tornar fotógrafo hoje em dia. Ademais, as leis do mercado nem sempre são as mais justas, mas tem-que se adaptar a elas e assim criar novos meios, novos produtos, novos nichos, etc. Prova viva disso foram os taxis, cuja licença em São Paulo vendida no mercado negro valia até 300.000 reais. Dai chegou o Uber e os taxistas diziam que o Uber era ilegal, mas pra você ser taxista era precisa tirar 300.000 do bolso . Esse discurso da cultura brasileira é , no mínimo, muito vitimista e hipócrita. Se for assim, o Brasil se torna um país comunista onde o governo decide quantas câmeras cada fotógrafo pode ter, enfim algo rídiculo!
Veja, não sei se é basicamente uma questão de malandragem, mas é lei da oferta e da procura mesmo. O Taxi custa, 50 reais, o Uber 25 reais... Normalmente pegamos o Uber! Não só nós, os americanos, os europeus...!
Não acredito que o mercado esteja fácil, mas veja, existem formas de se diferenciar:
- Site bem elaborado
- Ter ou não ter estúdio/escritório pra atender seu cliente(mesmo que um coworking)
- Qualidade do seu portfolio (tanto as fotos como apresentação)
- Os pacotes que você oferece (pense num fotógrafo de books que não tem maquiadora sequer pra indicar)
Ainda acredito que fotógrafos deveriam perder mais tempo estudando marketing e administração.