Viagem = Ida de um veículo de um ponto a outro (obvio né)
Se o ponto B for a 10 cm do ponto A, é uma viagem? Creia em mim: distância dirigida é mais confiável que viagens. Pilotos de avião têm horas de voo porque não existem engarrafamentos. Mas no brevê, não são medidas viagens que o piloto pilota, sim horas de voo.
Evento = Ocorrência de um problema, envolvendo o sistema autonomo, grave ou não.
De novo, defina problema. Uma freda brusca é um problema? Se a freada brusca for por um fator externo, ainda é um problema do sistema autônomo? Note, só faço estas perguntas porque, ao questionar a metodologia, a gente teria que apresentar motivos. Nem precisa oferecer alternativas, pois aí complica demais a discussão.
O seu uso não serve para categorizar, pois independentemente se estar ou não na média, o que conta no final é quanto cada pessoa usa, por exemplo alguem que rode 200km por dia, e as condições locais.
Aqui voltamos a considerar a distância, que eu acho mais correto. Claro que as condições locais contam. Um carro pode, por exemplo, se recusar a sair em um temporal. Ou um chuvisco, se o fabricante/provedor assim o definir. Falando hipoteticamente, o carro poderia fazer sempre só o mesmo percurso, o que o tornaria pouco mais que um elevador. Ainda vejo utilidade, se falarmos de ônibus. Mas a questão são as restrições: seria fácil um carro que dirige sozinho, se o carro não pudesse ir a lugar algum. Teríamos que definir quais são as restrições dentro de um limite razoável.
O elevador é o mais seguro, e por isso mesmo a taxa de sinistros é na casa de 1 para milhão ou mais (sem queda)
Se sinistros forem mortes, é coisa pra caramba comparado com um carro classe 4. Veja, aí em cima foram 3.2 milhões de milhas e nenhuma morte. Ainda assim, classe 4 requer interferência humana. Logo, o humano deve ficar atento.
Se o custo sobe com a confiabilidade é irrelevante para justificar nesse caso. Você voaria em um avião com 10% de chances de cair se a passagem SP-NY custasse R$ 100 ?
Quando se faz um projeto desses, analisa-se os modos de falha, efeitos e análise crítica. Não sei em português, mas em inglês, se chama
FMECA. Analisa, entre outras coisas, quão crítica é uma falha. Uma falha que pode acontecer 10% das vezes (alta frequência) e seja tão catastrófica (múliplas fatalidades) não passa em projeto nenhum. Há casos em que a confiabilidade é tão baixa que inviabiliza o projeto (seria mais barato atirar as pessoas de estilingue, mas seria extremamente inseguro). Não é, até agora, o caso dos carros autônomos.
Para quem não entendeu ainda, não estou questionando a tecnologia, e sim os aspectos juridicos da coisa
Voltando a falar do meu carro. Ele possui sensores de torque no volante. Quando habilito o piloto automático, a cada 20-30 segundos, ele pede pra eu aplicar um pouco de força, pra mostrar que eu estou ali. Existem pessoas idiotas o suficiente pra testar maneiras de burlar esse sistema, e o carro ficar dirigindo por um tempão sem interferência do motorista. A conclusão é: existe gente idiota, assim como tem gente idiota pra pular dentro do elevador, ou pra jogar água nos corredores e deixar cair no túnel do elevador. Mesmo um carro classe 5 pode sofrer um acidente provocado por humano, se uma pessoa fizer "testes" suficientes com ele. Neste caso, não há como o fabricante/provedor arcar juridicamente com isso. Mas um carro calsse 5 possui potencial pra ser muito melhor que qualquer motorista humano, e o fabricante provavelmente vai se resposabilizar por falhas, salvo em caso de acometimento de idiotice aguda.