Paulinho, acredito que a tua pergunta tenha infinitas respostas, tamanha é a gama de significações que cada um de nós dá para a fotografia. E não falo só do olhar de quem fotografa, mas também do olhar do fotografado ou do mero expectador/contemplador. Cada um que "olha" traz consigo a sua história, a sua vivência, enfim, a sua própria significação daquilo que vê.
Como estudante de Psicologia, achei interessante o texto que fala sobre a Fototerapia. Ainda que não tenha elementos para opinar quanto à consistência da teoria, acredito que o simples fato de se trabalhar com fotos em um processo terapêutico seja uma boa. Não sei se o fato de utilizar fotografias antigas, tiradas por outras pessoas, seria o ideal, porque isso mexeria com traumas e outras coisas que o paciente pode não querer encarar naquele momento.
Mas as fotos de autoria do paciente, que registram momentos e sensações pelas quais ele está passando, parecem contribuir bastante para o trabalho terapêutico.
Isso porque muitas vezes a linguagem falada não nos possibilita dizer coisas que acabamos mostrando por outros caminhos, como o desenho, a música, o teatro e a fotografia. Então, possibilitar que o paciente tire suas próprias fotos, com o tema e a técnica que quiser, é possibilitar que ele se expresse, que traga à tona elementos não-ditos, intruncados na linguagem... E que podem ser importantíssimos para uma análise.
Claro que não falo aqui do profissional em fotografia, que trabalha com a imagem, que fotografa tudo e sempre, que nem sempre está tirando uma foto repleta de significações suas, que muitas vezes está mais preocupado com a estética ou com o simples registro de um momento. Seria um exagero dizer que o fotógrafo profissional está sempre tirando fotos potenciais a serem analisadas em uma terapia.
Falo da possibilidade de trazer a foto como elemento de autoria na terapia, onde o paciente possa expressar suas angústias, seus medos, seus prazeres, trazendo coisas que de repente passassem despercebidas/escondidas se se trabalhasse unicamente com a fala.
A utilização de outras ferramentas no setting terapêutico é algo bem disseminado na Psicologia, desde a terapia infantil (psicodrama, jogos e brinquedos), passando pela Psicanálise (sonhos e desenhos), até abordagens mais cognitivas, em que se utiliza a observação de imagens. Acredito que a fotografia tenha muito a colaborar também nessa área!