Leandro na prática isso acontece sim, sempre aconteceu e sempre vai acontecer, tudo depende do poder de barganha das partes.
O impacto pode ser grande para um braço do grupo (o que no caso não é), mas pode ser muito mais positivo para a Holding (que controla os braços), o mundo empresarial não é essa coisa bonitinha e separadinha como muitos imaginam, as holdings tem peso forte no processo, elas controlam o nível estratégico dos braços, que são autônomos apenas em nível tático.
Você está confundindo as coisas, se a Sony não tem o produto no mercado ela simplesmente não pode fornecer, ela raramente faz projetos sob encomenda para a Nikon (neste caso os prazos realmente são acertados por contrato, mas ela pode decidir pagar as multas e entregar atrasado), mas o fato mais comum é que ela tem um catálogo de produtos que a Nikon pode usar e se a Nikon solicitar um projeto específico (como no caso da D3) a Sony tem o poder de dizer que não dá tempo e nesse caso quem a Nikon vai procurar? Você acha que a Nikon tem muitas opções do mercado? a Kodak teria o maior prazer do mundo em esculhambar a Nikon, a Matsushita e a Samsung também, a Canon então nem preciso comentar, por incrível que pareça, na condição atual a opção menos pior (tirando a Fuji) ainda continua sendo a Sony, porque a Sony não se sente ameaçada pela Nikon nas compactas e ainda está um passo à frente das concorrentes (eu procuraria a Fuji, mas caso não desse ainda ficaria com a Sony).
A questão é que a Nikon está completamente amarrada e cedo ou tarde vai começar a ter problemas para lançar seus produtos sincronizados com a Sony, eu não estou falando isso no chutômetro, isso já acontece nas compactas a 8 anos e cedo ou tarde vai acontecer com as SLR (na verdade já está acontecendo, veja o histórico de lançamentos D70 e D50 sempre foram lançadas na PMA, a D80 foi apresentada na PMA em 2006 (apesar de só ter entrado no mercado em agosto), enquanto isso a D90 ainda não deu as caras e a D60 foi lançada com um sensor de geração anterior à A300 e à A200 (não usa o sensor HAD), ou seja, já começou a acontecer o que acontecia nas compactas.
Em termos de câmeras de alto valor eu divido que isso vá acontecer tão cedo (acredito que vá pelo menos uns 2 anos antes, por isso que coloquei o SE em negrito no meu post, porque acho que não começa agora, mas se começar o máximo que vai acontecer é essa defasagem clássica de 6 meses que sempre houve), mas não se iluda, cedo ou tarde isso vai acontecer, da mesma forma que a Nikon restringia a venda de corpos para a Fuji (bem mais grave do que o que a Sony faz, porque a Nikon só fornece 1 ano depois para a Fuji e a Sony normalmente atrasa os concorrentes em algo entre 4 e 6 meses) a Sony sempre restringiu a venda de sensores top para os concorrentes, mantendo um tempo para suas câmeras se acomodarem no mercado, principalmente porque os concorrentes dependiam deles, quem foi esperto saiu fora disso a um bom tempo (está para trás, mas já nem tanto), a Kodak faz seus próprios sensores, a Oly fez uma parceria de fato com a Panasonic/Kodak (isso funciona bem, porque cada um tem algo que o outro precisa), a Samsung está com a Pentax (correndo atrás, mas já está muito à frente do que a NIkon estaria hoje sozinha), a saída que ainda vejo no longo prazo para a Nikon seria fazer algo do tipo com a Fuji, ou se contentar em lançar na sombra da Sony todos os seus produtos, adotando uma estratégia de diferenciar em fatores que ela pode controlar e não no sensor, veja como as coisas são curiosas, as únicas que estão ameaçadas são exatamente as únicas que não são autônomas ou possuem uma parceria de reciprocidade em alguma área (Fuji e Nikon).
Da forma que está o equilíbrio de poder é muito desigual, a Sony não depende em nada da Nikon, por outro lado a Nikon depende da Sony em um dos itens mais fundamentais da era digital, em negociação aprendemos que essa é a pior condição na qual você pode se colocar, porque ai você não tem nenhum poder de barganha, porque sequer o poder financeiro da Nikon é relevante para a Sony, a Nikon não corresponde a nem 1% das vendas da Sony semicondutores, se isolar o mercado de sensores ela também é pequena (para você ter uma idéia a Canon e a JVC e a Sony imagem, são clientes bem maiores do que a Nikon, de uma olhada nas demonstrações de resultados e nos relatórios de governança), ou seja, é um cliente insignificante e altamente dependente, eu como negociador da Sony certamente usaria isso a meu favor e como controlador da holding certamente colocaria isso na mesa para garantir o desempenho de outra unidade que vale mais do que a própria Nikon (que é a sony imagem).
Essa sua colocação seria bastante pertinente e válida para uma situação de equilíbrio, dependência mútua ou alta dependência financeira da Sony semicondutores em relação à Nikon, mas o que ocorre é exatamente o inverso, a Nikon sem a Sony teria sérios problemas e poderia até ser colocada em posição secundária em seu mercado (a Sony conseguiu quebrar a divisão de foto da Minolta simplesmente atrasando os seus sensores e sua eletrônica em 1 ano em relação à concorrência e depois ainda deu o bote para comprar a empresa que na época valia quase tanto quanto a Nikon), já a Sony semicondutores sem a Nikon não teria maiores problemas e ainda geraria ganho para a holding, então o poder ai neste caso está totalmente na mão da Sony. Na verdade esse tipo de coisa interessa para a Sony para gerar escala (é bom ter muita gente comprando), por isso que eles mantém este tipo de relação, mas é importante lembrar que a Holding quer maximizar resultados e para isso é necessária sinergia entre os braços, nem que tenha que sacrificar uma parte do processo, ai é necessário analisar os ganhos e as perdas, nas categorias altas a Sony ainda não é nada (A700 e A900 ainda são mercados inexistentes), ai a Nikon ainda tem um poder de barganha razoável, mas nas de entrada a coisa está começando a ficar bem complicada para eles. :/