Beto;
A pessoa, na prática e na vivência, termina se entendendo com um determinado equipamento e se acomoda a isso, ou pelo menos deveria se acomodar. Porque quanto antes ocorrer essa acomodação, mais cedo a criatura passará a preocupar-se com a fotografia.
Evidentemente, todos manteremos um razoável interesse nessas máquinas, pois há uma relação entre cãmera e possibilidades. Mas quando se tem vivência, pensa-se a partir das possibilidades desejadas. Quando não se tem, pensa-se a partir dos recurosos oferecidos pelas câmeras, e então fica uma infindável discussão de minudências.
A discussão de minudências demonstra haver falta de objetivo. Porque quando se tem um objetivo, não se compara minudências, no máximo se presta atenção àquilo capaz de atender ao objetivo.
O objetivo é o importante, e o equipamento certo é aquele que atende ao objetivo.
Outro dia, lá no meu trabalho, uma colega comprou uma Fuji s5700, uma sucessora da Fuji s500 que tive há quase cinco anos atrás. E um outro colega que tem uma s5000 desde aquela época, veio me falar da s5700 como uma grande evolução. E eu lhe disse: "fulano, me dá sua cãmera, ela me dá a dela, e eu faço duas fotos e amplio em 15X21 e você não saberá de qual saiu, ou melhor, vai pensar que a feita coma sua saiu da cãmera dela.". Ele nunca faz fotos acima desse tamanho, é bom que se diga, nem ela. Ele duvidou. Aí, por acaso, em um dia em que ambos estavam lá levei uma fotos, entre elas algumas feitas em JPEG mesmo em 15X21 na antiga s5000. Mostrei para os dois e perguntei-lhes... Olhem essa foto. O que mais a foto precisa? E nenhum dos dois apontou nada na foto que pudesse ser melhorado por mais pixels e por qualquer outra alteração no sistema.
Esse meu colega encarna a situação de tantos. Imaginam que uma outra cãmera -mais nova- lhes permitirá melhorar as fotos, mas não verificam se as fotos estão suficientemente boas para seu uso real. Falta-lhes parãmetros sobre o que é a melhoria possível.
A cãmera boa não é necessariamente a que se tem, mas aquela que realiza o trabalho que queremos em 99% dos casos. O 1% restante, podem acreditar que não é esse 1% que impede ninguém de ser o novo Bresson.