O que é um gênio?
Apenas um ser humano, como todos nós. Mas é um ser humano cuja história e esforços somados o guindaram a uma posição especial, tão especial que ficou aderida a ele, e desta posição especial sua obra nos ilumina. Só ele ocupa essa posição, então só ele pode fazer o que faz.
Diante dos gênios vivos, o Salgado é um deles, podemos ter duas atitudes: podemos apontar su lado humano, seus erros, suas limitações. Isso não deixará de ser verdadeiro, mas nos impedirá de ver o que seu fazer no mundo tem de especial, de diferente. Ou podemos deixar esse aspecto humano um pouco de lado e prestar atenção ao que ele faz, e distinguir a maravilha que é.
Afinal, o aspecto humano, as limitações, essas coisas estão em todos, e seria um desperdício e uma falta de economia se precisássemos do gênio para ver isso, pois são tão abundantes do nosso lado e em nós mesmos.
Aprendi a admirar. Isso não foi pouco para mim, pode ser pouco para outros, mas para mim não foi. Porque admirar significa reconhecer no outro uma excelência que não tenho, um existir que não pratico. Ter aprendido a admirar me permitiu também começar a aprender com esses notáveis, pois é preciso notar para aprender.
Na área profissional da qual venho, existe o Oscar Niemeyer, que provavelmente é o maior brasileiro que já existiu na dimensão do seu trabalho. Em tantos meios eu já estive nos quais desde a primeira palavra se tentava reduzi-lo... E sem ver que tantos arquitetos trabalharam, todos errando muito, poucos acertando como ele.
Bem, voltando à cãmera. Quem a comprar não será para usar. Será para ter. Isso é tolo? Não sei. Quanto vale o pincel do Leonardo da Vinci? Certamente não é pelo pincel, pelo que se pode fazer com um pincel. É outro tipo de objeto, aqui nesse caso como do hipotético pincel do leonardo, somente que, por acaso, é uma cãmera muito bonita e boa.
Enfim, cada um com sua maneira de ver o mundo.