Estabilizadores de imagem: Vale a pena?
Não importa o tipo de equipamento que usamos, é comum que em muitos momentos mágicos da fotografia nossas imagens apareçam tremidas em função dos movimentos do corpo e das mãos. Apesar do que ouço em muitas “conversas de fotógrafo”, nenhum ser humano consegue segurar uma câmera com perfeição em situações adversas de luz e movimento. Ainda, em determinadas situações de luz, fotografar apenas com uma câmera sem apoio torna-se quase impossível principalmente quando usamos teleobjetivas. É claro que em muitos lugares podemos levar nosso tripé para lidar com estas situações. Mas quando o uso do tripé é inviável ou proibido precisamos buscar alternativas para evitar fotos tremidas.
Elevar o ISO ou usar o flash, embora válido, nem sempre é útil ou permitido. Quando elevamos o ISO, comprometemos a qualidade de nossa fotografia em função do aumento de ruído. O uso de flash por sua vez só é viável se estivermos a uma distancia próxima de nosso objeto e for permitida a sua utilização.
Buscando uma solução para este problema, muitas empresas criaram mecanismos de estabilização de imagem que nos permitem tirar fotos fantásticas em movimento.
Mas será que é realmente necessário pagar a mais por lentes e câmeras com sistemas de estabilizadores? Ainda, será que eles efetivamente conseguem evitar o “tremido” das fotos? Antes de tomar sua decisão, vamos entender como os principais mecanismos disponíveis no mercado funcionam.
Tipos de Estabilizadores
Podemos classificar os tipos de estabilizadores em função do seu modo de operação:
Sistema Óptico: É o mais antigo e mais utilizado sistema. Presente nas melhores lentes Canon (Image Stabilizer) , Nikon (Vibration Reduction) e Sigma (Optical Stabilizer), estes estabilizadores funcionam de forma similar. Pequenos sensores giroscópicos enviam sinais constantes a um grupo de motores, fazendo com que parte do conjunto óptico movimente-se em sentidos contrários ao do movimento, anulando o efeito tremido.
CMOS ou CCD shift: Presente nas atuais câmeras digitais, nesta nova tecnologia, ao invés de haver uma movimentação do sistema óptico, é o sensor da câmera que se movimenta para evitar a trepidação. Esta tecnologia é bastante presente nas extintas câmeras Konica Minolta e foi incorporada em algumas Sony e Pentax atuais. Ao contrário do que se pensa o uso do CCD ou CMOS Shift não interfere com a qualidade final da imagem, uma vez que este sistema apresenta o mesmo tipo de sensor giroscópico do sistema óptico, mas aplicado diretamente ao sensor.
Estabilizadores “eletrônicos”: este tipo de estabilização é muito presente nas famosas câmeras “prosumer” e são bastante confundidos com a tecnologia CMOS e CCD Shift. A diferença é que no sistema eletrônico, na verdade, o processador de imagem possui uma função de congelamento de imagem que elimina de forma parcial o movimento. Neste processo, porém, existe uma perda considerável na qualidade da imagem em função do ruído produzido pelo sensor, ou em alguns casos por interpolação da imagem. Alguns fabricantes utilizam este sistema de elevação de ISO em suas câmeras e erradamente o classificam como estabilizadores de imagem. O consumidor deve ficar atento a este tipo de propaganda, pois o equipamento não apresentará o desempenho esperado.
Agora que o leitor está familiarizado com os tipos de estabilizadores, parece fácil tomar uma decisão na hora de escolher o equipamento. O problema é que a tecnologia de estabilização ainda é bastante controversa. Se por um lado permite que alguém mantenha o equipamento sem tremidos e obtenha ganhos de até 3 pontos de velocidade, por outro lado acrescenta peso, complexidade e custos ao equipamento. Para facilitar nossa análise, listei os principais pontos fortes e fracos da tecnologia.
Pontos Fortes
1)Os sistemas de estabilização de imagens, principalmente as mais recentes versões da Canon e Nikon, permitem a utilização de panning horizontal e vertical, o que facilita a captura de movimento.
2)Quanto maiores as teleobjetivas, mas difíceis de segurar. Por este motivo o fotógrafo tende a usar um monopé, tornando o sistema de estabilização altamente eficiente.
3)O uso de estabilizadores permite ao fotógrafo um ganho estimado de 2 a 3 pontos na exposição.
4)Todo o conjunto óptico se beneficia de um controle maior de flare na fotografia, uma vez que existe a correção óptica constante em todo o conjunto.
Pontos Fracos
1) Diminuição do desempenho do autofoco, uma vez que o sistema está constantemente em movimento.
2) Como o sensor giroscópio é sensível, ventos laterais moderados afetam o foco e a visualização da imagem tanto no LCD quando no visor.
3) Embora a estabilização da imagem compense o movimento da câmera, não consegue congelar uma imagem em movimento(SURF)4) Alto custo.
5) Alto consumo de energia.
Conclusões
Embora a tecnologia seja muito útil em muitas situações, ela ainda não é perfeita em todos os sentidos. Atualmente, um dos principais pontos fracos de qualquer sistema de estabilização profissional (CCD Shift e estabilizadores ópticos) é seu custo. Uma lente com estabilização chega a custar quase 50% a mais do que sua similar sem o sistema.
Além disso, todo e qualquer sistema de estabilização consome mais energia de sua câmera, reduzindo em até 30% a vida de sua bateria durante a sessão fotográfica. Para evitar o consumo excessivo de energia, muitos fabricantes optam por instalar um pequeno timer que desliga o sistema temporariamente quando não está em uso. Embora inteligente esta função acaba por sempre deixar algumas fotos sem foco quando é religado automaticamente. Para evitar isso, você é obrigado a manter o dedo pressionado no botão de disparo por alguns instantes impedindo que o sistema desligue.
Outro ponto importante, é que a tecnologia de estabilização corrige o movimento natural do fotógrafo, mas não permite o congelamento do movimento. Em situações de luz extrema, mesmo com um pequeno ganho de 2 a 3 pontos, as imagens sairão borradas em função do movimento natural dos objetos fotografados.Por outro lado, na maioria das situações é possível usar o sistema de estabilização com bons resultados. Uma lente com bom estabilizador permite o aumento da profundidade de campo em até 3 pontos. Além disso, para fotógrafos profissionais que utilizam zoom constante, a tecnologia se paga em pouco tempo uma vez que existe um aumento na qualidade e quantidade de imagens aproveitadas com o sistema de estabilização. Alguns fotógrafos esportivos afirmam que o sistema de estabilização aumenta em 20% o volume de imagens aproveitáveis.
A verdade, é que existem duas maneiras de se olhar para esta tecnologia: A primeira, é que a tecnologia de estabilização de imagem é uma maneira útil, mas cara de melhorar suas imagens. A segunda, é que esta mesma tecnologia permite aos bons fotógrafos melhorarem sua técnica e sua habilidade.
Assim, se você é um fotógrafo que tira muitas imagens em movimento, a tecnologia é certa para você, principalmente se a diferença entre a imagem bem remunerada e uma outra qualquer depender das limitações de seu equipamento atual. Para os demais, usar ou não um sistema de estabilização de imagem depende muito do tipo de fotografia que você faz e de suas habilidades.
Fontes:
http://photo.net/equipment/canon/is_lenses/http://digital-photography-school.com/blog/www.the-digital-picture.com/Reviews/www.usa.canon.comwww.kenrockwell.com/nikon/nikkor.htmwww.sigmaphoto.com/lenses/