Leandro estes compartilhamentos tecnológicos que você citou não são frutos de parcerias fixas ou compromissos de longo prazo e sim frutos de vendas de tecnologia, nada, além disso. Esse tipo de venda de tecnologia ocorre o tempo todo nas mais diversas marcas, sem que para isso haja compromissos formais de longo prazo.
A Nikon utiliza muitas tecnologias Sony, assim como a Panasonic utiliza diversas tecnologias Leica, mas a parceria entre Sony e Nikon é volátil, não significa compromisso de compartilhamento, assim como a da Pana com a Oly. Já a parceria Leica e Pana é muito mais sólida do que as relações entre Oly e Pana. Os balanços patrimoniais deixam claro quem se relaciona com quem e como se dá o relacionamento e no caso da Pana e da Leica existem diversos compromissos de longo prazo ajustados.
Hoje no 4:3 a única parceria firme fora do consórcio é entre Leica e Pana, onde existe um contrato de desenvolvimento comum válido até 2016. A Oly é apenas compradora da Pana, não faz desenvolvimentos conjuntos fora do consórcio.
Note que não é especulação da minha parte (como ocorre em 99% das informações a este respeito que circulam pela Internet), estas informações podem ser confirmadas nas notas explicativas do balanço patrimonial das empresas, divulgados na área de relações com os investidores dos próprios sites dos fabricantes e também nos órgãos reguladores dos países onde estas empresas negociam no mercado de capitais.
O consórcio 4:3 é uma relação limitada ao padrão do sistema e não se limita à Oly e Panasonic (hoje são 7 empresas que participam do consórcio). O Micro 4:3 também não é uma iniciativa da Panasonic, é um Standard do consórcio, que novamente deve ser atribuído aos seus 7 participantes que desenvolveram o padrão em conjunto. A Panasonic foi apenas a primeira a anunciar uma câmera com o uso do padrão, mas ele já consta do site do padrão a um bom tempo, antes mesmo da Panasonic fazer qualquer tipo de lançamento neste sentido. Tanto que as primeiras especulações neste sentido foram referentes à Oly, acreditava-se que ela seria a primeira a lançar, o que não ocorreu.
O formato 4/3 original nasceu nos laboratórios da Olympus em 1999 quando eles tentavam achar o formato ideal para o balanço ótico no mundo digital, mas a oly definiu na época que o desenvolvimento do padrão de forma aberta seria mais produtivo para o sistema, foi então que surgiu a proposta do desenvolvido em conjunto em uma iniciativa inédita na área. Para você ter uma idéia as primeiras marcas a investirem pesado na iniciativa foram a Kodak e a Oly (a Panasonic nem aparecia). Infelizmente a Kodak não tem se empenhado mais no desenvolvimento de novas tecnologias no formato (na verdade não tem se empenhado em praticamente mais nada), sendo que hoje os semicondutores compatíveis com o formato são quase integralmente desenvolvidos pela Pana (ou seja, ela é de fato a principal fornecedora desta parte da tecnologia, mas não significa que haja contratos de longo prazo neste sentido, é apenas uma questão de conjuntura, na qual apenas ela tem o que fornecer para os signatários).
Desta forma pode-se dizer que qualquer proximidade é gerada pelo consórcio e pela compatibilidade dos padrões e não por um acordo formal de desenvolvimento conjunto de tecnologia. Salvo o contrato entre Panasonic e Leica, o desenvolvimento conjunto do 4:3 limita-se ao padrão, os demais são de fornecimento tecnológicos são forjados a partir das similaridades do sistema, que possibilita um intercâmbio paralelo de tecnologia, mas sem nenhum compromisso adicional no sentido de sempre compartilhar tecnologias próprias. São simplesmente negócios paralelos que ocorrem em decorrência desta similaridade, assim como ocorrem entre Nikon e Sony. Relações de longo prazo neste mercado temos hoje apenas Samsung/Pentax e Panasonic/Leica, as demais são todos contratos específicos para determinados compartilhamentos tecnológicos.
Só para se ter uma idéia o consórcio é formado por Sanyo, Fuji, Kodak, Leica, Pana, Oly e até a Sigma. Como você pode ver ele não leva a relacionamentos mais próximos ou de obrigatoriedade. Muitas destas marcas participam do desenvolvimento, mas não compartilham nenhum tipo de recurso tecnológico com as demais. As proximidades vão ocorrendo com maior ou menor intensidade apenas de acordo com o que cada empresa tem e se propõe a oferecer, da mesma forma que poderia se dar com qualquer outra empresa que tivesse interesse por uma dada tecnologia de outra empresa.