Eu acho que há trabalhos e trabalhos. Eu conheço bem como é a falta de regulamentação no setor de TI, minha área de atuação. Geralmente isso não me incomoda, pois sou contra qualquer reserva de mercado, mesmo aquelas "intocáveis", como engenharia, medicina e direito. Hoje, os conselhos protegem mais a própria categoria - puxando para si todas as prerrogativas que encontram - do que defendem os interesses da sociedade. Essa parcialidade é fácil de entender, pois não somos nós quem pagamos o CREA, o CRM ou a OAB, são os engenheiros, os médicos e os advogados.
Os favoráveis aos conselhos argumentam que o modelo onde as atividades são reguladas de forma liberal, ou seja, pelo mercado, podem trazer danos à sociedade, uma vez que entra muito "picareta" no ramo. Até pode ser, mas mesmo no modelo de conselhos temos prédios caindo e médicos indicando cirurgias sem necessidade. Enfim, ética é algo que vai além de um curso superior e é o calcanhar de aquiles de qualquer profissão. Alguns podem argumentar "ah, mas eu estudei ética no meu curso". Ok, ética é uma disciplina entre outras trinta desses cursos, mal da para absorver um rudimento de ética - e apenas da teoria.
Bom, na verdade eu queria falar sobre reserva de mercado e não é bem o assunto do tópico (ainda que tenha muito a ver). No mercado de fotografia, exigir formação superior talvez trouxesse uma garantia de qualidade nos trabalhos no início, que seria altamente lucrativo para os poucos diplomados. Depois, as pessoas aprenderiam o caminho das pedras e iríamos voltar para o problema inicial, com faculdades de fundo de quintal formando clicadores.
Outro ponto é se realmente alguém precisa, obrigatoriamente, conhecer história da arte, conhecimentos avançados de fotografia de estúdio, desenho, teoria das cores, estética, etc, para cobrir um casamento. Claro que um profissional tão especializado traria um trabalho de alto nível - mas que ainda assim poderia não ser compreendido pelo cliente. Quem pode pagar 5, 6 mil por uma cobertura de casamento não vai arriscar o Joãozinho que cobrou trezentinhos e tem o portfólio vazio. E, se quiser arriscar, então é porque fotografia não é algo importante para ele. Eu tenho amigos que levam as suas Sony superzoom em modo Auto para "cobrir" a formatura do irmão, namorada, etc. E no final gostam! O que tem de errado nisso?
Claro que há quem se arrependa de ter contratado um profissional fraco, mas tudo é aprendizado. Não existe, a rigor, garantia de que um diploma traga resultados melhores ao trabalho. Não é porque sabemos que uma BMW é muito melhor que um Gol que todos devemos comprar uma BMW, mesmo sem poder sequer comprar o Gol à vista :P
Então, a minha resposta é: Sim, você pode trocar o seu trabalho por dinheiro, mesmo que você não tenha experiência. O importante é você ser honesto, não colocar fotos dos outros para engordar o seu portfólio, não tentar inventar que você tem cacife para tomar um serviço maior do que a sua experiência. Não tente cobrar mais do que vale o seu trabalho. O cliente precisa saber onde está se metendo.