Operação da PF e da Receita prende 41 acusados de contrabando
Jailton de Carvalho e Soraya Aggege - O Globo
BRASÍLIA e SÃO PAULO - A Polícia Federal e a Receita Federal desencadearam nesta sexta-feira a "Operação Plata", com o objetivo de combater os crimes de contrabando e descaminho, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outras práticas criminosas em larga escala nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro.
Já foram presas 41 pessoas em São Paulo e no Rio Grande do Sul, entre as 60 acusadas de envolvimento em quadrilhas especializadas em contrabando e importação fraudulenta de equipamentos médicos e eletrônicos: computadores, máquinas fotográficas e outros. Só num depósito em São Paulo foram apreendidas quase 50 mil câmeras fotográficas digitais.
A operação tenta ainda cumprir 88 mandados de busca e apreensão de documentos e o seqüestro de 63 carros e caminhões usados pelas quadrilhas.
Segundo a Receita, só uma das organizações, que atua em São Paulo, é acusada de desviar US$ 1,5 milhão em impostos. A Receita Federal começou a investigar as quadrilhas no fimlde 2002.
Ainda de acordo com a polícia federal, parelhos eletroeletrônicos produzidos em países asiáticos que eram enviados a Miami e posteriormente ao Uruguai, em regime de trânsito aduaneiro, evitando assim o recolhimento de impostos no país vizinho.
Do Uruguai, as mercadorias cruzavam a fronteira escondidas em caminhões-baú da organização, em fundos falsos montados para ocultar as mercadorias ou em meio a produtos de baixo valor agregado, como trilhos de ferro ou sorgo.
Três pessoas encabeçam a organização criminosa, cada qual com um papel bem definido. A primeira mora em Miami, nos EUA, e é responsável pela importação das mercadorias dos países asiáticos, pela consolidação das cargas nos EUA e pelo seu envio ao Uruguai.
O segundo membro da organização criminosa reside em Ribeirão Preto e é o responsável pela liberação das cargas no Uruguai, pela introdução física das mercadorias no Brasil e pelo seu transporte até a Grande São Paulo. O terceiro membro é o receptador das cargas descaminhadas e distribui os produtos no mercado.
A quadrilha movimentava, mensalmente, dezenas de milhões de reais, abrangendo produtos eletroeletrônicos de alto valor agregado, além de equipamentos hospitalares, sendo enviados para São Paulo, onde eram distribuídos a grandes magazines.