Na verdade parte é real, parte é miniatura.
Tipo, os fundos são reais. É uma rua mesmo, com as árvores, as casas, os fios.
Ele integra a maquete do primeiro plano no fundo (ou o fundo na maquete
).
Conceitualmente é interessante mesmo. Roubar a paisagem contemporânea pra construir uma imagem de outro tempo, que não é nem passado nem presente, e tb não quer ser futuro.
PORÉM... Porém já teve outro cara que fez isso antes, num tema mais bacana e de maneira bem mais profunda do que esse aí. É o Paolo Ventura, e o nome do trabalho é "war souvenir":
http://www.paoloventura.com/work/war.htmlO trabalho do Paolo eu acho mais legal pois assume e discute esse conflito da imagem "manipulada" conceitualmente no tempo e espaço de maneira mais sincera. Pra começar são fotos coloridas perfeitas, da segunda guerra, então de cara vc sabe que é blefe. O trabalho dele tb tem figuras humanas, que na verdade são bonecos, mas colocados de maneira tão real e pitoresca que vc fica na dúvida se é boneco ou é gente, apesar dos bonecos serem bastante grosseiros.
Quando ele chama de "war souvenir" ele quer bancar uma certo status de verdade em torno do trabalho, mas sem ser totalmente verdade, é transitório e indicial. Quando ele fala "souvenir", é mesmo como um chaveirinho da torre Eiffel. São bonecos e cenários que ele fez, mas os enquadramentos e até mesmo as situações que ele fotografa se relacionam intimamente com o fotojornalismo e suas tradições, os jogos compositivos e a questão do momento decisivo. Tudo isso em fotos que, na "verdade", são stills.
O quanto tem da torre Eiffel no chaveirinho? Sobre o valor do objeto "chaveiro", quanto desse valor é realmente da torre, e o quanto é do chaveiro? Qual a importância de quem conta a história, ou "esculpe" o chaveiro, ou tira a foto? Dá pra gente acreditar na história que é contada sobre a segunda guerra? Dá pra acreditar nas fotos e no olhar de quem fotografou?
Mais importante do que isso: Dá pra não acreditar?
Ah, Barthes! Nessa o Paolo te pegou!
Enfim... Acho mais denso, o Paolo.