Não vejo por que seria tão impossível um cego fotografar - e fazer boas fotos no processo. Tirando o precedente óbvio do Evgen Bavcar, e de outros como Beethoven, surdo de pedra já na época da 3.ª sinfonia ("Heróica") e do Aleijadinho, que, como o nome sugere, tinha cotocos apodrecidos pela lepra no lugar das mãos, há outras pessoas mundo afora tornando realidade aquilo que os céticos proclamam ser impossível.
Já ouviram falar da pintora Lisa Fittipaldi? Aprendeu a pintar dois anos depois de ter ficado cega (logo, sem nenhum aprendizado adquirido quando ainda enxergava, argumento que pode ser imputada a Beethoven, por exemplo) - e não são pinturas "abstratas" nããããooo!:
http://www.lifeartworks.com/blind-artist-lisa-fittipaldi-creates-extraordinary-paintings/E imaginem só, ela não é a única:
http://leisure.ezinemark.com/most-famous-blind-painters-ever-773679266583.htmlDe quem mais podemos falar? De Jean Dominique Bauby, que sofreu um derrame e ficou inteiramente paralisado, confinado numa cama de hospital: só conseguia piscar um dos olhos. E piscando esse olho, letra por letra, através de um método especial, escreveu "O Escafandro e a Borboleta", que virou filme inclusive:
http://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Dominique_BaubyE Jason Becker? Provavelmente o melhor guitarrista da História, tocou com Marty Friedman e David Lee Roth, teve a carreira interrompida por uma terrivel doença chamada Esclerose Lateral Amiotrófica. Fou parar numa cadeira de rodas, inteiramente paralisado. Mas, graças à tecnologia, continua vivo, e compondo, e lançando discos:
http://www.jasonbecker.com/Nem vou falar da Helen Keller, nascida cega e surda e que aprendeu a se comunicar, a escrever e a FALAR (com a VOZ) graças à tutora Anne Sullivan, ela mesma também cega.
Eu sei que pensar fora da caixa é difícil, mas o fato é: há pessoas neste mundo que desafiam nossas certezas de estimação, que contradizem nossos dogmas preferidos, que tornam mentiras nossas verdades de meia tigela. Por isso que o ceticismo, vendido como uma postura inteligente, intelectualizada, é na verdade uma posição aintiintelectual: o cético duvida de tudo, menos das próprias certezas. É o avesso da mente aberta, da curiosidade, da pesquisa, do progresso. O mantra "é impossível" nunca levou ninguém a lugar nenhum.
Portanto, apreciemos o trabalho da Amy Hildebrand, respeitemos o esforço dela, sem essas gracinhas de "fraude" e "marketing". Pega mal, sabe?