Olá Rafael!
Na minha visão, senão no ponto exato, o barco no primeiro plano foi colocado no terço inferior direito e a linha no horizonte foi situada no plano dos terços superiores. Mas eu sou café-com-leite em composição, embora muito interessada, então, gostaria ler sua argumentação sobre o problema colocado no tópico acima, acerca dessa suposta contradição entre o que o autor do texto recomenda fazer e o que ele fez de fato.
Tenho observado que tal regra, a dos três terços, não é uma camisa-de-força no quesito enquadramento. Nesse livro que terminei de ler, "Arte da composição", os exemplos do fotógrafo sobre o assunto não localizam, de forma rígida, os elementos de maior atenção da fotografia no ponto ouro exato. E assim outros fotógrafos fazem o mesmo. Se for de interesse, depois posso escanear algumas fotos para exemplificar.
Aliás, no início da leitura, fiquei intrigada porque um livro sobre composição fotográfica não trazia, em seu índice, uma capítulo sobre a "regra dos terços", a principal, quando não a única, forma de composição explorada nesse universo. Pois bem, tive a resposta no penúltimo capítulo, quando o autor fez a associação da "regra dos terços" com a "lei áurea", como fiz num dos tópicos acima. Interessa-me saber se isso foi uma dedução do fotógrafo ou se está definido em algum lugar. Em resposta à pergunta "Como aplicar o conceito da razão áurea na fotografia", o autor diz: "Evidentemente é complexo, ao fotografar, colocar o centro de interesse em algum 'ponto ouro' com exatidão. Dessa forma, foi elaborada a regra dos 'terços', que fornece com aproximação a posição do 'ponto ouro'. Isto é, divide-se o quadro em linhas perpendiculares entre si, dividindo a horizontal e a vertical em três partes. O encontro dessas linhas gera quatro 'pontos ouro'. Nesses pontos, o fotógrafo escolhe, se quiser, locar o centro de interesse da fotografia" (p. 134).
Taí um assunto para debatermos.
Sobre os livros de arte, de fato, a melhor indicação é sempre a de alguém especialista na área. Como as pessoas que conheço, ainda que da área, sabem pouco sobre composição porque se dedicam a outras coisas, pesquisei alguns livros por conta própria. Embora não conheça muito sobre o assunto, conhecia menos quando resolvi buscar tais referências, resolvi confiar no meu tato para a pesquisa, depois de anos de treinamento. Ajudou-me o fato de ter trabalho, anos atrás, numa numa faculdade de artes e ter manipulado/catalogado/comprado muitos livros sobre o assunto para a biblioteca e também organizado muitos planos de ensino.
Encontrei algumas coleções bem, mas bem didáticas, que, se são muito básicas para uma pessoa que conhece muito sobre o assunto, são interessantes para aqueles que não conhecem nada, mas buscam algum tipo de iniciação. Vou relacioná-las abaixo, mas volto a dizer, são primárias, indicadas para quem quer adentrar nesse universo e, logo em seguida, expandir seu conhecimento.
A Parramón ediciones s.a. tem muitos livros sobre o assunto, eu selecionei os que mais me atraíram de imediato, mas cada um faz as suas próprias escolhas. São eles:
* "Assim se compõe um quadro", de José Maria Parramón (já falei sobre ele em algum tópico no MF)
* "Luz e sombra em desenho e pintura", idem
* "A perspectiva na arte", idem
Essa coleção "Aprender fazendo", até onde sei, tem outros cinco títulos
Tem outra coleção, mais básica ainda, chamada "Escola de arte", da Editora Globo. São muitos volumes, os que eu escolhi são: Perspectiva, Retrato, Paisagem e Cores.
Sobre a composição da fotografia, conheço as seguintes referências, além do livro citado acima:
* Os capítulos "A arte da boa fotografia" e "Projetos especiais", d' "O novo manual de fotografia", de John Hedgecoe
* O capítulo "Os grandes temas", do livro "Tudo sobre fotografia", de Michael Busselle
* Exemplares da coleção "Curso de Fotografia Planeta", volumes 1 a 40. Esses infelizmente eu não tenho, apenas os cadernos de exercícios.
* Os manuais do Michael Freeman
Enfim, uma suscinta relação de livros para aqueles que procuram as primeiras referências sobre o assunto. Vale ressaltar que nada substitui a prática nem tampouco do estudo do trabalho de outros fotógrafos, sobretudo depois que se tem uma visão geral de certos conceitos (técnicos, compositivos etc.) e também contextos.