Bom senso versus direito de imagem.
Antes de ter fotografia como hobbie, gosto de visitar museus. E conheci algumas coisas interessantes.
Em 1995 quando morei nos EUA, tive a oportunidade de visitar o Museu Aeronaútico da Base Aerea de Patterson Ohio EUA Como todo mundo entrei com uma câmera e me esbaldei. Fotografei inclusive aeronaves militares fora do museu. Note, fotografei as dependências operancionais de uma área "levemente" sensível da maior potencia militar do planeta e ninguém veio avisar que não poderia fotografar.
Pouco tempo depois, visitei o Museu da Ford Motor Company em Detroit MI EUA. Ao entrar mantive o seguinte diálogo com um funcionário na recepção:
- Posso fotografar? - Peguntei
- Não pode. Você deve fotografar - foi a resposta do sorridente funcionário.
Novamente fiz a festa, principalmente fotografando o Lincon em que o JFK foi morto.
Em 1997, visitei o Palacio de Versalhes, perto de Paris. Novamente fotografia era benvinda, desde que não se fossem disparados flashes, que poderiam comprometer integridade do material exposto. Naturalmente.
Hoje dia, 21-04-06, fui visitar o Museu do Café de Ribeirão Preto - SP. Um lugar arborizado com alguns casarões do final do século 19. Supostamente um lugar interessante para boas fotos.
Nem de longe era minha intenção fotografar qualquer parte ou artefato das dependências internas. Afinal entendo que luz e antiguidades não são compatíveis.
Primeiro choque, apesar de ser recomendado como ponto turístico da cidade, está claramente abandonado. Na entrada, uma placa indicando "Acesso pelos portões dos fundos". Claramente, o abandono.
Entrei pelos fundos, não vi nada nem viva alma, tirei a câmera da bolsa. Nem tinha feito foco numa quina de um casarão quando escuto:
- Moço, moço, você não pode fotografar aqui.
Educadamente, guardei a câmera, e fui conversar com a zeladora que estava me repreendendo.
- Mas nem do lado de fora?
- Não moço, é ordem da administração.
- Porque?
- Porque teve gente que veio aqui fotografou e usou a imagem.
Ela ememdou - se o senhor quiser. O senhor volta e conversa com a administração.
Obvio, a administração, que como qualquer bom funcionário público está descansando em outra dimensão. Afinal é feriado e ninguém visita museu em feriado.
Sorri, pedi desculpas, peguei meu carro e saí.
Frustrado, pelo tempo e viagem perdida, pensei: pelo que me consta, até que me mostrem juridicamente o contrário, desde que não coloque em risco ou danifique o patrimônio, a imagem de uma espaço público é de domínio público.
Não se trata de uma área privativa, é a área externa de um espaço publico. Isso seria equivalente a alguem dizer que é proibido fotografar, por exemplo, a estátua do laçador em Porto Alegre, a Igreja da Pampulha em Belo Horizonte ou monumento do Ipiranga em São Paulo.
Mas acho curioso que um museu, mantido e gerido com fundos públicos, ou seja impostos, esteja preocupado com uso púlbico da imagem.
Na minha ótica, imagem é divulgação. E espaços públicos culturais precisam de divulgação. Mesmo que a imagem venha a ser usada comercialmente, ela é divulgação de um espaço voltado ao público. E portanto agente de atrativo para mais púlblico.
Alguem aí versado em propriedade de imagem pode me explicar essa falta de bom senso?
Alguem aí versado em propriedade de imagem pode me explicar essa falta de bom senso?