Você tocou num ponto importante. Miséria, dor e sofrimento só podem ter algum aspecto "positivo" sob o olhar religioso.
Eu não sou religioso, então mudo o "positivo" para "alienado".
Ninguém é deformado podendo optar por estar sadio.
Ninguém é corcunda ou coxo, se pudesse optar por correr ou andar ereto.
O corpo tem estética e essa estética está intimamente ligada à saúde.
Aceitação da deficiência e a luta para suplantá-la é algo até louvável.
Usá-la como medalha, é patético.
Ganhar em cima dela, é vergonhoso.
Discordo completamente, principalmente quando em determinadas correntes há um pensamento filosófico e um padrão de vida, como acontece com o hinduismo. Saindo do universo das religiões, muito artista de body art trabalha com deformação corporal e alterações dessa estética, fora isso existem as parafilias como o devoteismo e suas variações. Concordo que quase ninguém seria corcunda ou coxo por opção, mas tem gente que felizmente se aceita assim, e busca desenvolver potencialidades desse corpo coxo, e nesse caso, porque não revelar esse corpo? Essas fotografias não são éticas pra quem? Os dois únicos envolvidos demonstram na maioria uma aceitação a obra, e pelo que andei lendo, o fotógrafo trabalha mais fotografia como processo de criação do que como uma obra final. Pelo que li, ele demorou em cada série cerca de 5 anos pra realizar e tem um processo de criação extremamente coeso. Pode ter seus questionamentos técnicos (e fiquei curioso em ver uma ampliação de uma delas. Na série dos mendigos elas chegam a medir 1,80), mas enquanto processo, é perfeito
Tem gente que ver poesia na desgraça alheia.
Melhor ver poesia do que desgraça e dor. Lembrei de quando tava circulando com o espetáculo de um amigo deficiente, uma senhora dessas de interior chegou nele, pos a mão no ombro dele e disse "Oh meu Deus, coitado ! Aleijadinho das pernas !". Eu, ele e a produtora nunca rimos tanto na vida circulando com um trabalho e completamos a frase da senhora "Pois é minha senhora, mas venha assistir hoje o espetáculo que a senhora vai ver o aleijado sumir a escada!". Pra mim poética nada mais é do que ver potenciais artísticos em cada coisa no mundo, incluindo na desgraça, que é bem relativa.
Felopes, entendo o seu ponto de vista mas não creio que ele pode ser aplicado em qualquer caso. O trabalho da Nan goldin é esteticamente muito mais interessante do que essas fotos desse japa aí. Como o da Diane Arbus também é. Ou mesmo o trabalho do Gustavo Lacerda com os albinos.
Não dá pra colocar tudo no mesmo pacote.
Concordo que não dá pra colocar tudo no mesmo pacote. O que questiono é que as críticas feitas aqui foram com base apenas nas fotos e de um ponto de vista técnico e tradicional
Abs !