Pessoal, já vi aqui muitas pessoas com dúvidas sobre trazer equipamentos do exterior, eu mesmo já li muito sobre isso porque pretendia trazer (e trouxe) uma Canon 70D dos EUA.
Para quem está pensando em fazer isso, no site da receita tem todas as regras, não vou colocar aqui porque já tem outros tópicos sobre isso, vou deixar apenas meu relato. É meio longo mas é interessante para sabermos com que tipo de pessoa estamos lidando.
Cheguei ontem (24/11) em Guarulhos com a câmera, e como nas 2 vezes anteriores, óbvio que fui selecionado "aleatoriamente" para ter minha bagagem revistada (devo ter cara de bandido, só pode).
Você coloca as malas no raio-x, e na maioria das vezes é o que basta. Na minha vez a mocinha que opera o equipamento já avisou o inspetor: "Pega aquela mala menor que tem câmera e lente", e lá vamos abrir todas as malas. Ele já foi pegando direto a bolsa onde estavam a 70D com a 18-135 acoplada, mais a 70-300 e a 40mm.
O inspetor já começa: "Só essa câmera aqui já vale uns 1500, e a lente (70-300) mais uns mil"
Eu disse que não valia isso tudo não, ele respondeu "tudo bem, a gente tem como checar". Perguntou quanto tempo eu tinha a câmera, eu disse que uns 2 meses, aí ele "Ah, é nova ainda, então tem que pagar imposto".
O notebook ele nem olho direito, só comentou "Ah, esse aqui é usado né?" e deixou de lado. Respondi que era usado sim e além disso era fabricado no Brasil...
Ele perguntou se eu era fotógrafo, falei que fazia uns bicos mas não era minha profissão. Falei que era artigo de uso pessoal e que eu tinha direito a trazer uma unidade. Mesmo assim ele insistiu que era nova e ia ter que pagar imposto, ou então se eu tivesse nota brasileira o produto ficaria retido até eu apresentar a nota.
Depois de uma certa discussão (sempre com a maior educação da minha parte, porque se o cara pega bronca aí que não tem escapatória) ele resolveu consultar o supervisor. Estavam longe mas consegui ouvir uma frase que foi falada mais alto, em certo tom de indignação: "Quer dizer que se o cara traz um relógio de 30 mil, se disser que é de uso pessoal tem que liberar??". "É, campeão, tem sim..." pensei eu.
Ele voltou meio contrariado, perguntou se eu tinha tirado foto com a câmera, eu disse que sim e ele quis ver. Perguntou se tinha como ver a data das fotos, respondi "Ah, deve ter, mas eu não sei". Ele perguntou como passava as fotos, pegou a câmera na mão e até elogiou algumas, disse que queria uma máquina parecida!
Dessa experiência posso retirar alguns cuidados interessantes para quem esteja viajando com câmeras ou pretenda trazer equipamento do exterior.
- Nem todos os fiscais da receita estão por dentro das regras, então é bom que você esteja.
- Se for sair com equipamento daqui, leve nota fiscal, se possível.
- Se for comprar lá fora, retire da embalagem, tire algumas fotos, se der leve um cartão de memória já com algumas fotos mais antigas.
- Evite comprar mais de uma unidade de um mesmo produto. Se eu estivesse com outra câmera, por mais básica que fosse, teria complicado a minha vida.
- Não leve muitas malas e não seja o último da fila ao pasar pela alfândega (não seja um feio barbudo também, acho que ajuda). Eu estava sozinho com 2 malas grandes e uma de mão, tudo num carrinho. Óbvio que chama a atenção, mas minha esposa comprou toneladas de roupa de bebê pela internet e mandou entregar no hotel para eu trazer. Tive que comprar 2 malas por isso.
- Aparência de usado não é critério em nenhuma das regras, mas pelo que pude perceber isso conta bastante.
- Seja sempre educado, a interpretação da regra fica por conta do fiscal. No meu caso por exemplo se ele quisesse ele poderia interpretar que as lentes não faziam parte da câmera e taxá-las.
- Por último, procure fazer tudo dentro da legalidade. Assim você fica mais tranquilo e pode argumentar com razão se discordadr de algo (se bem que eu estava legal e fiquei super nervoso na hora, mas seria bem pior se estivesse trazendo mais um PS4, por exemplo. Ainda bem que estava em falta...)
Espero que ajude os colegas, qualquer coisa tamos aí.
Abraços.