Pessoal sei que o tópico já é antigo, mas preferi postar aqui pra evitar de abrir tópicos repetidos demais sobre um assunto fundamental da fotografia: a fotometria.
Vou compartilhar com vocês alguns segredos que aprendi hoje lendo, praticando e usando aquele bichinho que tem dentro de nós chamado intuição
as vezes o básico é que é mais fácil e o que dá mais resultados kkkk vamos lá *** texto longo, mas vale a leitura com calma***
Eu trabalho com evento esportivos diurnos (jogos de vôlei, corridas de rua, corridas de bike, etc, etc) - por questões de contrato não posso postar as fotos aqui, mas digo que fiquei extremamente satisfeito com os resultados porque a cada evento são em média 4.000 fotos e ajustar a exposição de uma por uma no Lightroom ou outras programas de edição é algo deveras trabalhoso e desnecessário, principalmente porque trabalho com JPG, por isso é fundamental fazer a fotometria correta ...
Como todos sabem, o fotômetro de mão, mesmo o mais básico é extremamente vantajoso e eficaz em fornecer uma configuração adequada, pois ele mede a luz que incide sobre os objetos ou o cenário a ser fotografado. Explicando: toda luz tem uma fonte; essa fonte de luz incide sobre os objetos. Os objetos sobre os quais incidem a luz podem ser medidos com o fotômetro de mão que fornece uma combinação de ISO, abertura e velocidade as quais você pode configurar em sua câmera , ignorando o fotômetro interno da mesma.
Sem dúvidas, o fotômetro de mão é o mais preciso e tem como vantagem o fato de fazer a fotometria a contento. Imaginando, por exemplo, o uso do fotômetro de mão em estúdio com luz controlada, é uma mão na roda. Ou em eventos também. Contudo, o fotômetro de mão não é 100% prático, visto que ele tem algumas (poucas) desvantagens como, por exemplo, se você quer tirar uma foto noturna de rua e quer tirar uma foto do outro lado da rua, a iluminação do poste pode ser diferente.
Ou ainda , ao usarmos uma lente teleobjetiva para captar detalhes de mais longe... em resumo, o fotômetro de mão é mais recomendado para fotos de perto, onde os objetos ou o sujeito a ser fotografado não exigem o uso de lentes teleobjetivas de grande distância. Outra desvantagem do fotômetro de mão é que caso ocorram grandes mudanças na fonte de luz, será necessário refazer a fotometria.
Temos, então, o fotômetro interno das câmeras digitais que não difere em nada em termos de recursos dos antigos fotômetros, inclusive os que já vinham nas antigas SLRs analógicas. O fotômetro interno segue um padrão chamado "cinza médio". Esse cinza médio nada mais que é uma convenção utilizada por todos os fabricantes de equipamentos fotográficos.
O cinza nada mais é que uma média - ou meio termo - entre o branco puro e o preto puro. Entre o branco e o preto temos "escalas" de cinza. E o formato médio é o cinza 18%. Quando deixamos o fotômetro no meio (ou no zero, diga-se popularmente como "zerar o fotômetro da câmera") estamos na verdade dizendo que a cena que estamos fotografando (de acordo com o tipo de leitura : matricial, spot, etc) que ela é cinza 18%. E ai que os problemas ocorrem, porque o fotômetro da câmera não é tão preciso assim.
Isso acontece porque o fotômetro da câmera é sujeito a erros de interpretação devido ao fato dele analisar a luz refletida e não a luz incidente. O fotômetro interno da câmera não faz a leitura da luz "real" e sim da luz que reflete sobre os objetos e entra através da objetiva até o sensor da câmera.
Não precisa ser um gênio da informática pra saber que há uma perda considerável de informação (como falam na Física Quântica) , ou seja, de fótons de luz entre a luz incidente e a luz refletida. A luz refletida sempre irá perder alguns aspectos de interpretação em relação à incidente. É justamente por isso que os fotômetros de mão são mais precisos, porque a leitura é sempre sobre a luz ambiente que incide nos objetos. A reflexão sempre causa dispersão da energia luminosa.
Pra "piorar" a situação, o fotômetro interno que apenas lê a luz refletida em tons de cinza, e quando deixamos o fotômetro da câmera "no zero", o mesmo sempre tenta trazer a medida da luz refletida para cinza 18%. O que significa que se deixarmos se tirarmos a foto de um objeto branco com o fotômetro no meio, ele vai trazer esse branco para o cinza 18% e esse branco não será branco, será cinza claro. O resultado é que essa diminuição do branco para o cinza 18% vai fazer com que a foto tirada nessas condições fique subexposta.
Se você mora num país frio e vai tirar a foto de um cenário com neve usando os modos automáticos da câmera e o fotômetro no meio (no zero), terá uma foto escura e sem graça, porque a neve branca irá se tornar cinzenta.
O mesmo raciocínio vale quando temos objetos escuros e que, por isso, refletem pouca luz. Ao deixarmos o fotômetro no meio tirando a foto de um objeto preto, por exemplo, o fotômetro da câmera irá entender que esse preto é cinza 18% e vai trazer o preto para o cinza médio, gerando uma foto superexposta (clara).
Então como corrigir isso? É ai que entra o estudo e prática do fotógrafo. O fotômetro das câmeras, por trabalhar com luz refletida, está sujeito a erros que podem ser facilmente corrigidos pelo fotógrafo. Como um exemplo simples, se o sujeito está com uma camiseta branca e você fizer a fotometria na camiseta, terá que compensar para +1 ou +2 o fotômetro para que esse branco de destaque.
Da mesma forma se um sujeito está vestindo uma roupa preta, e deixarmos o fotômetro no zero, a roupa preta se tornará cinza, gerando uma imagem muito clara (superexposta). Para isso precisamos compensar o fotômetro em -1 ou -2 , (dependendo do caso) para que essa roupa preta seja registrada da maneira mais fiel possível ao que nossos olhos enxergam.
Assim objetos mais claros exigem compensação de exposição para direita (+1, +2, +3 ou os terços de ponto) e objetos mais escuros exigem compensação para a esquerda (-1, -2, -3 ou os terços de ponto) e os objetos com tonalidade média (nem claros, nem escuros) geralmente tendem a ficar com a exposição correta com o fotômetro no meio.
Podemos usar essa compensação de exposição no modo Manual, no modo P, ou nos modos semi-automáticos como os modos Prioridade de Abertura ou de Velocidade.
Agora todo esse texto aqui eu postei para que a teoria pudesse ficar clara
e agora vamos ao ponto prático.
Nos eventos que fotografo sempre tinha muitos erros de exposição. Eu usava a medição spot ou ponderada ao centro. E no evento de hoje (Sexta feira santa) 19/04/2019, resolvi usar a medição matricial. E considero muito válido que o fotógrafo estude e aplique o melhor método de medição da luz que ele achar melhor, para o fotômetro interno, e usando a compensação de exposição automática ou manual, para solucionar os eventuais erros do fotômetro interno da câmera.
Hoje, intuitivamente, decidi usar a fotometria matricial por alguns motivos a saber:
1) Sempre tiro fotos dos sujeitos praticando esporte no meio do quadro e eles tem cores variadas como preto, branco, verde, amarelo, vermelho claro, vermelho escuro, etc.
2) É interessante pra mim usar a luz solar, por isso gosto do matricial pelo equilíbrio de luz (tons claros, médios e escuros) entre o fundo e o sujeito fotografado, algo que não conseguia nos outros modos.
Dito tudo isso neste tutorial eu acredito que não há melhor ou pior modo de se medir a luz. Há o conhecimento e o que o fotógrafo precisa. Por exemplo, em fotos de comida ou de produtos, a fotometria matricial pode não ser a mais adequada.
O que fiz hoje acertou a fotometria em mais de 95% das fotos que tirei hoje e sem usar fotômetro de mão! Basicamente eu via como a luz do Sol se comportava em determinados momentos, colocava a câmera em modo AV (Prioridade de abertura) e setava o ISO pra 200, a abertura pra 2.8 e deixava a câmera escolher o obturador.
Percebi que quando deixava o fotômetro no zero, as fotos saiam subexpostas e que ao fazer a compensação da exposição em +1 , a foto ficava perfeita! Anotei então, o número da velocidade do obturador, ISO e diafragma. Então o que fiz foi passar pro modo Manual e apenas informei as 3 configurações para minha câmera, mexendo apenas na velocidade do obturador, se necessário fosse.
Fazendo esse pequeno "truque" percebi que 90% das minhas fotos ficavam com uma boa exposição, inclusive fazendo um belo contraste entre as cores e o fundo com a luz do Sol. O que fiz na verdade foi apenas fotometrar corretamente, compensando a exposição para +1 , e alterando para o modo Manual. Percebi que a fotometria ficou correta e que em raras situações eu precisava rever a mesma.
Fazendo desse modo, pude fazer meu trabalho tranquilo e com a imensa maioria das fotos bem fotometradas (para o meu gosto pessoal). Então usar os modos semi-automáticos para fazer medições , compensando a exposição quando necessário, pode ser uma ótima opção e passando para o modo manual, você pode manter essa exposição rapidamente, apenas trocando a velocidade ou a abertura (conforme sua câmera e as teclas de atalho) .
No meu exemplo específico usando a fotometria em matricial e usando os semi-automáticos como atalho, e voltando pro modo manual as fotos saiam com a exposição correta. Um pequeno detalhe é que a cada variação de luz do ambiente eu precisa refazer rapidamente essa fotometria, saindo do M e voltando para o modo de abertura e retornando ao modo M com as informações que julgava relevantes para uma correta exposição.
Com isso, a exposição das fotos ficou perfeita: tons médios , claros e escuros no seu devido lugar.
Sobre os modos de medição é muito assunto pra manga, já que fotometria é um assunto que parece bicho de 7 cabeças, mas não é. Só requer treino e ler livros de fotografia rs a leitura de alguns livros me abriu demais a cabeça para esse assunto que ou é ensinado de maneira incorreta ou imprecisa.
Espero ter ajudado e valeu a leitura!