Prezados amigos.
A definição do que é uma Lente Normal é muito simples, mas essa simplicidade não dá conta da experiência fotográfica de se usar uma delas. A definição é que lentes normais são lentes que têm o mesmo comprimento focal da dimensão da diagonal do retângulo fotográfico, sensor ou filme.
Contudo, quando falamos de Lente Normal nesse conceito trazemos alguns problemas para o uso real delas uma vez que a diagonal, que é de fato a dimensão mais aberta da lente, não é uma dimensão relevante para a composição da cena.
Pior ainda, como os formatos do quadro capturado variam, quando falamos que estamos usando uma Lente Normal isso não dá conta de fato do tipo de espacialidade conseguido na descrição de uma cena. A espacialidade conseguida com uma lente de 75mm em negativo quadrado 6X6 é bastante diferente da espacialidade conseguida em um negativo 6X9 usando uma lente 105mm, ambas Normais de acordo com a definição.
Por que? Pois bem, de acordo com o formato do negativo, a diagonal está mais ou menos inclinada, e conforme sua inclinação terá um valor, sendo o máximo no negativo quadrado em relação à sua base, e diminuindo quando os lados vão se tornando diferentes.
Isso tona o conceito quase inútil, embora matematicamente bem determinado. Ao dizer que foi usada uma Lente Normal e estando na mesma posição, o enquadramento em relação à base do retãngulo, que é o elemento mais importante da conposição, variará muito conforme o formato do negativo/sensor, de forma que uma fotografia será diferente da outra em termos de composição horizontal.
Para evitar isso, e para tornar inteligível a relação entre Lente Normal e enquadramento horizontal, que para mim é o verdadeiro definidor da fotografia, resolvi adotar para minhas meditações um conceito ligeiramente diferente de lente Normal que privilegiando a base da fotografia uniformize a espacialidade.
Adotei então a seguinte fórmula:
Lente Normal, para meus critérios de análise, é aquela cujo comprimento focal é igual à diagonal do quadrado formado pela base do retângulo fotográfico.
Vejamos. Pela definição de Lente Normal um negativo de 24X36mm (o popular 35mm) teria uma Lente Normal de 43,27mm. Na prática, sabemos que isso é uma ligeira grande angular em relação à prática fotográfica. ( raiz quadrada de 24X24+36X36)
Contudo, usando o critério do quadrado definido pela base da fotografia, teríamos quando usando a câmera deitada uma Normal igual à raiz quadrada de 36x36+36X36 que dá exatamente.... 50,91mm, isto é, nossa conhecida 50mm que nunca é exatamente 50mm.
Até aí tudo bem, pois encontramos um valor consistente com a tradição fotográfica...
Mas, e se colocarmos a câmera em pé? (formato retrato) Naturalmente o campo horozontal de visão reduzir-se-á consideravelmente. Se usarmos esse critério, qual seria a lente que daria a mesma espacialidade horizontal?
Bem, seria aquela com comprimento focal igual á raiz quadrada de 24X24+24X24 = 33,94mm. Bem, vejam que interessante... Uma das lentes clássicas para filme 135 é exatamente a 35mm. Então, dentro deste critério de uniformização da espacialidade em relação á base da fotografia, poderíamos dizer que um filme 135 tem dois comprimentos focais adequados, o 50mm para fotos horizontais e o 35mm para fotos verticais.
Bem, e se passarmos isso para uma digital cropada? No critério da diagonal do retângulo teríamos 43,27 divididos por 1,6 (Canon) que daria 27,04mm. Contudo, se tomamos os 51mm como referência, a lente que daria a mesma espacialidade seria a 31,81, isto é, a 32mm, comprimento raro, então podemos falar de 30mm para efeitos práticos.
E com o fotograma em pé, podemos falar de 21,21mm, cujo comprimento disponível mais próximo é 20mm.
Isso mostra o porque desses comprimentos focais, 50mm, 35mm no filme, 30mm, 20mm na digital cropada, serem tão importantes.