Acho que existe uma diferença óbvia entre gerações e o ambiente em que cada uma amadureceu.
Gerações passadas passaram por mais dificuldades, e valorizam mais o ganho de capital, o status, a estabilidade, o conservadorismo. Paradoxicalmente, os filhos dessa geração anterior, que cresceram com mais conforto, prezam menos por isso.
E também tem uma questão de sociedade. Você viver um estilo de vida menos conservador parece ser mais difícil no Brasil do que no primeiro mundo, pois certas idéias estão mais enraizadas. Lembro que uma vez, no Brasil, eu sugeri algumas idéias bem simples: diminuir o micromanagement (dar mais liberdades para subordinados fazerem o que quiserem sem o superior ficar coordenando tudo), e remover algumas barreiras do trabalho em escritório, tipo permitindo que pessoas trabalhem de casa, ou não cumpram um horário regimentado no escritório (desde que continuem produzindo resultados), sem horários certos para chegarem ou saírem. Quando sugeri isso, me olharam com uma cara de como se eu fosse um alien que veio ao planeta Terra pra devorar todos os humanos. Até falaram "isso funciona lá no escritório do Google, não aqui". É um medo gigante de sair dos padrões, incrível.
Então acho que no Brasil um monte de gente cai na mesmisse, não sonha alto, aposta no conservdorismo e na estabilidade, segue o resto da manada e vive anestesiado feito um zumbi que só segue ordem e vai sendo empurrado pela maré. Só ver o número de pessoas que querem ser funcionários públicos. Ou o monte de gente que não quer nem ao menos mudar da cidade onde vive, e ainda menos do país. É uma placidez gigante, que acredito ter uma raiz cultural, e que é ainda pior na geração anterior.