"O gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de suor", já dizia Thomas Edison no século XVIII.
Essa idéia de gênio é uma criação romântica. Não existe genialidade sem uma série condições favoráveis que agrega tanto a experiência individual do artista (interesse, prática, habilidade, influências etc.) como as condições sociais em que ele vive (contexto, origem social etc.). Enfim, muitos elementos interferem na construção do "gênio".
A gente observa o trabalho de um excelente fotógrafo, por exemplo, e acha que ele nasceu fotografando, quase ninguém considera o processo de desenvolvimento do artista, as influências (internas e externas), o trabalho rotineiro e cansativo, as primeiras experimentações frustradas, o trabalho de repetição, o exercício de "copiar" trabalhos de outros artistas que admirava, bem é uma série de coisas.
Eu gosto muito de um livro chamado "A sociologia de um gênio", de um filósofo alemão chamado Norbert Elias (se não me engano ele escreveu esse livro entre 1930/40) que trata justamente dessa questão, de como Mozart transpôs a categoria artista artesão e projetou-se como artista autônomo/gênio artístico na sociedade de corte. O interessante dessa análise é que ele não analisa o artista como reflexo das condições sociológicas (reduz o sujeito às condições externas), como muito já se fez, nem tampouco se concentra apenas na trajetória individual do artista (faz o inverso, desconsidera as condições externas e concentra-se apenas na atividade personalista do artista), mas considera tanto os elementos específicos dessas trajetórias individuais como também condições sociológicas e contextos históricos.
Bem, voltando à preocupação do Pedro, é um exercício infindável de repetição, observação, erro e acerto. E a "personalidade" que você imprimirá no seu trabalho e a área que você se especializará se definirá com o tempo, com o estudo, com o aprofundamento, enfim, com a fusão de todos esses elementos. O importante é continuar sempre na ativa e nos brindando com suas crônicas diárias. Veja Pedro, escrevendo você leva o maior jeito para cronista, diverto-me com seus tópicos e com o jeito que você se expressa, agora na fotografia estou curiosa para saber como você se manifestará.
Bem, é isso aí, que venham lindas borboletas ou caixas de luz. O importante é se expressar.
Grande abraço.
P.S.: Pedro, fui lá ver o seu orkut. A foto do macaquinho com a pomba é muito especial, tem algo de muito meigo nela, que acho que tem muito a ver com a sua personalidade (mas fiquei na dúvida se era sua ou se estava lá porque você gosta muito). Acho que você está em busca de uma identidade fotográfica (não que eu não esteja), mas você está num bom caminho: estuda, tira dúvidas, se preocupa com muitas questões. Off topic: é a sua cara engasgar com gomo de tangerina.