Marcelo em compactas a Canon está sim, mas bem menos que a Nikon, porque o volume de compras de sensores da Canon é muito alto, somando-se as filmadoras a Canon compra em $$$ mais de 5 vezes o volume em $$$ de compras da Nikon, isso gera um poderzinho de barganha a mais rs... Mas essa dependência é menos prejudiciais nas compactas (onde design, renome, MKT e etc são fortes diferenciais) do que SLRs onde a cada ano temos novas câmeras e o sensor é um fator crítico de sucesso, tanto que TODOS os fabricantes estão buscando autonomias nesta área, em sensores para SLRs a Canon não está nas mãos da Sony a um bom tempo porque possuem tecnologia própria, os sensores Canon são Canon mesmo, assim como a Pentax também se livrou dessa dependência ao fechar uma perceria de colaboração total de longo prazo com a Samsung.
É importante perceber que não existem muitos contratos de longo prazo neste ramo e mesmo que existissem muitas vezes a multa compensa jogar com o delay, outra coisa importante de perceber é que esse papinho de palavra não existe no mundo corporativo, ainda mais no japonês, os executivos japoneses são muito malandros, a unica diferença é que não gostam de ser pegos na malandragem, tem um trabalho do Martinelli que mostra que na verdade o mercado coporativo como um todo dá nó em fumaça e esconde as pontas, que a diferença está em como cada cultura reage ao ser flagrado rs. Hoje em dia os contratos que não interessam raramente são cumpridos, e existe alguns casos onde uma empresa firma um contrato e paga a multa para prejudicar a outra, por isso lamento informar, mas a Nikon está sim em uma situação delicada, que já vem sendo delineada a tempos, na verdade desde o dia que as principais concorrentes começaram a se tornar independentes e principalmente desde o dia em que a Sony resolveu embarcar nesse mercado de DSLRs (que quem foi esperto começou a desenvolver sensor correndo, é só olhar para o que a Pentax fez que fica clara a preocupação que alguns tiveram com isso, enquanto outros dormiram no ponto), a Nikon simplesmente se tornou dependente, com um baixo poder de barganha e em um ponto extremamente crítico para a própria sobrevivência dela como líder de mercado e a Sony pode sim resolver quebrar as pernas dela assim como fez com a Minolta.
Eu costumo dizer que para entender o presente e tentar prever o futuro a melhor forma é olhar para o passado, olhe para o passado sem pensar no que seu coração fala (porque obviamente a Nikon mora no seu coração rs), nos tempos dos filmes, Nikon e Minolta eram praticamente equilibradas em share a diferença de share era de apenas 5%, quando começou a era digital a Sony era a principal fornecedora, apenas a Canon partiu para uma linha própria, como a Sony já tinha um bom know-how os demais optaram por partir com a Sony, que priorizou a Nikon,quando a Sony priorizou a Nikon deixando a Minolta e a Pentax com 10 meses a 1 ano de defasagem eletrônica a Nikon simplesmente herdou o mercado da Minolta, essa estratégia de gerar defasagem é extremamente forte nesse tipo de mercado inovador, a Minolta chegou a se juntar com a Konica para tentar desenvolver eletrônica própria de processamento de imagem e reduzir a dependência, mas continuava presa no carro chefe da era digital, que é o sensor, bem ou mal a Nikon é o que é hoje graças à Sony que quebrou as principais concorrentes em detrimento dela e a Canon é o que é porque foi muito inteligente ao ser uma potência paralela no mercado de DSLRs desde o começo deste processo, a briga de fato sempre foi Sony (indiretamente através da Nikon) x Canon, pegue postagens de 3 a 4 anos atrás sobre o lançamento, que você verá que as discussões sempre giraram em torno dos sensores que equipavam os equipamentos, porque o carro chefe das discussões sempre foi a qualidade de imagem das digitais, tanto que criou-se o hábito de se discutir quem fabricava determinado sensor, é meio que como a questão dos processadores de computadores e os fabricantes tem tornado isso cada vez mais evidente ao buscar divulgar quem faz seus sensores e etc. Eu acho que uma estratégia legal para a Nikon foi a que ela adotou com a D3 e a D300, de não divulgar quem fez o sensor, assim fica a dúvida no ar para dar uma desvalorizada na importância do sensor.
Eu particularmente duvido que a Sony deixe de fornecer sensores para qualquer marca, ela nunca colocou esse tipo de restrição, é uma possibilidade, mas é uma possibilidade, na minha opinião, extremamente REMOTA, porque históricamente ela nunca fez isso a questão aqui é a Sony começar a adotar a sua tradicional política de defasagem da concorrência, que ela adota a tempos com as compactas e adotou em benefício da Nikon no começo, se a Sony adotar essa política (o que já tem demonstrado adotar, haja visto as novas SLR de entrada, que a Nikon partiu defasada pela primeira vez desde que eu me lembro dela usando sensores Sony) a Nikon vai ter um sério problema no longo prazo, com a perda gradual dos mercados de entrada (que também já está começando a acontecer) e consequente fragilização do sistema.
A questão estratégica é que agora restam poucas empresas que forneceriam para a Nikon sem impor restrições, porque da mesma forma que não é interessante para a Sony fornecer para a Nikon sem aproveitar para beneficiar seu share de DSLRs, também não é interessante para a Matsushita/Kodak, menos ainda para a Samsung (que está querendo atingir um share de 15% em SLR em 10 anos e isso só seria possível atacando diretamente a Canon e a Nikon), e ainda menos para a Canon, porque na verdade todos querem o filão de mercado dela.
Para entender essa posição estratégica é bem simples, estamos falando aqui de um mercado de mais de 8 bilhões de dólares só em corpos de DSLRs, contra um mercado de 600 milhões (estimativa alta) em sensores para SLRs, qualquer executivo que tenha a menor noção de matemática percebe facilmente que vale a pena perder os 40% do mercado representados pela venda de sensores para DSLR para a Nikon em troca de qualquer coisa acima de 3% de ganho de share no mercado de DSLR, então não se iluda, porque tudo que a Nikon compra de sensores para DSLR vale menos do que apenas 3% de share do mercado de corpos de DSLRs (veja que não estou nem falando de lentes e acessórios, que são outra bolada relacionada ao sistema), a Sony com o adiantamento da D90 em relação a A350 conquistou 6,7% de share de curto prazo (fora longo prazo que isso pode significar em termos de sistema), ou seja, esse salto valeu para ela bem mais do que o dobro do que significaria perder a Nikon completamente, o que ela também sabe que não vai acontecer, porque a Nikon é extremamente dependente e não teria nenhum fornecedor competitivo disposto a não lutar por esse share bem mais interessante (fora a Fuji, que é o único fornecedor competitivo que consigo ver para a Nikon hoje, que poderia estabelecer uma política ganha/ganha com ela).
Na verdade a Nikon perdeu o bonde que as outras cnseguiram ver, assim como a Fuji perdeu sua grande oportunidade ao deixar passar a venda da Minolta e depois a venda da Pentax, as duas se complicaram e se fossem espertas fariam como as concorrentes e se uniriam (ai sim a coisa ficaria linda, imagina Nikon com eletrônica Fuji), a Pentax, por exemplo, é uma empres que apesar de estar comendo o pão que o diabo amassou com as desvantagens dos sensores Samsung, foi muito inteligente em termos de estratégia de longo prazo ao aproveitar uma oportunidade a 3 anos atrás de arrumar a casa e se tornar independente com uma boa parceria e em mais 2 ou 3 anos deve conseguir chegar bem perto de Canon e Sony se tornando uma competidora de primeira linha, mas a Nikon se adotar esta política vai se complicar por pelo menos uns 5 anos, o que para quem é líder de mercado em um mercado extremamente competitivo pode ser uma condição bastante dramática.
O meu espanto nesse panorama, seria se a Sony ficasse feliz com a Nikon ocupando o lugar que ela deseja no mercado de DSLRs para manter o mercadinho de sensores para DSLR, que sequer se encontra ameaçado devido a dependência que a Nikon tem de sensores dela, ou seja, estranho não seria a Sony adotar essas políticas que já adota a anos e seriam muito vantajosas e sim se ela deixasse de adotar tais políticas.