Autor Tópico: Qual será o futuro da fotografia analógica?  (Lida 24074 vezes)

Branco Melo

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Resposta #60 Online: 05 de Abril de 2010, 22:36:10
Só uma coisa que esqueci de dizer:
A resposta da sua pergunta renato "Qual será o futuro da fotografia analógica? "
É evoluir para a digital pode estar certo disso, amigo.
Abraço. :ok:
« Última modificação: 05 de Abril de 2010, 22:55:54 por Branco Melo »
Cameras: Canon 60D, T5i, T3i, Elan 7n; Objetiva: Canon EF 55-250mm, Canon EF 28-135mm macro, Canon EF-S 18-55mm, Sigma EF 28-105mm. Canon 18-55mm; Canon 24-105 USM Is L; Flashs: Canon speedlite 540EZ, Canon speedlite 430EX2, flash yongnuo YN 568ex ii.

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Resposta #61 Online: 05 de Abril de 2010, 22:40:53
Mas a coisa que mais me incomoda no digital não é a qualidade e coisas do tipo. É a inexistência de uma coisa "fisica" contendo a imagem.

Um negativo, filme, placa ou seja lá o que, pode durar mais de cem anos sem maiores problemas, e se um negativo é riscado por exemplo ou parcialmente danificado, a informação não é perdida totalmente.

No caso do digital, a informação contida na forma de um arquivo, geralmente é inutilizada totalmente quando há um problema com o mesmo, uma simples perda de meia duzia de bits já basta.

As midias digitais, sejam cd, dvd, pqp e outras não são confiáveis o suficiente, apesar de os fabricantes jurarem que duram dezenas ou centenas de anos. CDs de qualidade "archive" são carissimos e impossíveis de se encontrar aqui. O que tem é midia vagabunda mesmo que em no maximo 5 anos está ilegivel.


Elmo

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Resposta #62 Online: 06 de Abril de 2010, 07:20:56
Só uma coisa que esqueci de dizer:
A resposta da sua pergunta renato "Qual será o futuro da fotografia analógica? "
É evoluir para a digital pode estar certo disso, amigo.
Abraço. :ok:

Branco, desculpe-me. Mas está dizendo isso para as pessoas erradas. Acredito que nem a digital, como a conhecemos hoje, existirá durante muito tempo. Mas isso não importa, pois não somos contra fotografia digital. Não considero, entretanto, digital como evolução, mas sim como uma outra vertente. Dessa forma, "Evoluir para o digital", como diz, pra mim, não chega a ser nem uma falácia, mas algo que não cabe em si, um nada a ver mesmo.

Disse atrás que "sem falar que nenhum fotografo quer comprar uma analogica por mais barata que se queira vender, ficará como lembrança quando o bom e velho filme se for.". Desculpe-me novamente, mas isso não condiz com a realidade dessa sala.

Ninguém aqui nessa sala defende o uso da fotografia com filme comercialmente. Somos um grupo interessado no prazer que o analógico nos proporciona, somente isso. O termo "comercial" aqui é uma coisa que não nos interessa. Muito poucos que frequentam essa sala, ou quase ninguém, tem interesse em ganhar dinheiro com fotografia de filme.

Mais uma coisa, desde quando é "ecológica" a prática digital? Tenho câmeras aqui em funcionamento desde 1937. Uma digital irá para o lixo em menos de 10 anos, assim como um punhado que estão sendo produzidas hoje em dia. E meus negativos (e positivos) não vão pra lixo algum, pelo menos enquanto eu estiver vivo. Tenho aqui uma boa quantidade de analógicas e apenas uma digital, a única descartável da coleção.

Espero que não se ofenda  por eu oferecer um contraponto às suas observações.

Abraços

Elmo
« Última modificação: 06 de Abril de 2010, 07:28:44 por Elmo »


Braga.SP

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Resposta #63 Online: 06 de Abril de 2010, 08:35:15
Proponho que denhamos tempo ao tempo para que a fotografia digital evolua para seu segundo estagio e se compare a qualidade dos filmes, pois todo sabem que o filme não chegou onde está da noite para o dia.

Segundo estágio?! Você, então, quer dizer que mais um degrau e já basta?

Sei lá, mas eu acho que ainda não. Imagine uma foto feita em cromo (Velvia 50, Provia, por exemplo), no formato 8x10. Isso mesmo, em polegadas, o que equivale dizer algo perto de 203 x 254 mm. Pense bem, isto é o filme e não a ampliação. Hoje em dia, acredito não haver algo que se possa comparar. Acredito ainda, que vai levar um tempo maior que "apenas um estágio a mais". Não que não vá acontecer, porém, não agora.

Agora, eu falo de 8x10 porque é o que eu já vi na minha vida. Contudo, tem formato ainda maior que esse. Por exemplo, eu tenho uma vontade enorme de ver uma foto feita com esse aqui: Kodak T-Max Professional TMX 100 11x14", Black & White Film.

::::::::::::::::::::::::
(editando só pra acrescentar e fazer uma brincadeira)

Uma polegada equivale a 25,4mm. Faça as contas com esse 11x14".
« Última modificação: 06 de Abril de 2010, 08:39:49 por Braga.SP »
-22.352971,-48.775582


thiagolara123

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Resposta #64 Online: 06 de Abril de 2010, 09:12:50

Ninguém aqui nessa sala defende o uso da fotografia com filme comercialmente.


Elmo, eu defendo a fotografia analógica comercialmente! :D

Agora sério, sem querer desqualificar ninguém, mas uma vez eu vi uma entrevista do Sebastião Salgado (nem gosto dele, mas enfim...) e nego perguntou isso de digital pra ele, porque tem uma história que ele agora faz digital, por preguiça de filme em aeroporto e tal, e o printer dele pega o arquivo digital e queima um negativo numa máquina, pra ampliar a partir do negativo, enfim, um trolóló bem Sebastião Salgado. :D

Mas aí na entrevista ele falava que esse negócio de democratização da fotografia muda exclusivamente a base da pirâmide, mas pra quem tá no topo, não muda absolutamente nada.

Pra extender o raciocínio, vejam aí dois artistas que só fotografam 8x10 e usufruem de todas as possibilidades do digital.

Esse é o Gregory Crewdson. Ele faz várias exposições ao longo do dia, como se fosse um HDR analógico, em 8x10, e depois combina digitalmente. Nessas paisagens dele ele manda cortar poste, derrubar casa, plantar árvore, coloca os carros, as pessoas... Coloca lá no lugar mesmo, ao vivo, não no photoshop. Se ele quer uma paisagem com uma determinada casa pegando fogo, ele compra a casa e quiema. São paisagens, fotografadas como paisagens, só que ele monta as imagens a partir das tradições da pintura, tipo, ele bota uma cena significativa em cada janela, a composição... e os tamanhos dos prints são enormes, inatingíveis através de processos analógicos:
http://images.google.com/images?client=safari&rls=en&q=gregory+crewdson&oe=UTF-8&um=1&ie=UTF-8&ei=whC7S4P1MZC0uAef4sC5CA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CA8QsAQwAA

Esse o é o Andreas Gursky. Outro contemporâneo que faz 8x10 e dá a saída digitalmente, às vezes editando, às vezes não. Ele é famoso por aquela foto do supermercado, "99 cents", que foi vendida por mais de 3 milhões de dólares:
http://images.google.com/images?client=safari&rls=en&q=andreas+gursky&oe=UTF-8&um=1&ie=UTF-8&ei=phC7S6W3I4uluAfZkcnDCA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CBYQsAQwAA

O Vick Muniz tb só faz 8x10 e revela lá no Kronocroma, quer dizer, nem é um negócio de outro mundo, é alí do lado do Hotel Glória e totalmente acessível a mortais como nós.

"Ah, mas aí é arte!" Pô, eu não imagino nada mais comercial do que arte contemporânea.

Ou seja, esse negócio de fotografar digital não é nada senão pobreza e preguiça. Todas as possibilidades da fotografia digital já estavam aí antes das câmeras digitais, a publicidade sempre fotografou cromo e digitalizou pra dar saída. Eu tive um professor de photoshop que tinha sido manipulador de imagem na época em que só existia monitor preto e branco! O cara olhava os valores em CMYK passando o mouse na foto e sabia que cor era. Até hj, vc fala um valor de CMYK pra ele e ele te fala a cor que é, certinho!  :eek:

Enfim, anteparos pequenos são sempre mais difíceis de resolver oticamente. E sensores digitais não me parecem, sob nenhum aspecto, melhores do que película. A unidade mínima da película é o grão, que por ser anamórfico (Tá certo isso? Anamórfico? Enfim, não é um quadrado) pode ser muito mais ampliado que um pixel, ainda que esse grão seja composto por vários pixels por ter sido digitalizado. A latitude e principalmente, a retenção de detalhes nos tons baixos é NITIDAMENTE SUPERIOR em filme, principalmente do médio formato pra cima, tem que ser cego pra não perceber.

Quanto à praticidade, isso é falácia. Praticidade é vc fotografar os seus rolos, mandar pro lab, e em 24 hrs vc ter os negativos revelados, folhinha de contato pra escolher e os arquivos digitalizados no CD pra dar só uma porradinha, e não um tratamento de horas, (porque digital precisa de horas pra ficar bom o suficiente pro mercado editorial) e mandar pro print. Tirando publicidade nenhuma outra área tem essa sangria desatada toda de não ter 24 hrs pra revelar. E eu já trabalhei em publicidade, e tb não é correria todo dia, as coisas tem prazo, às vezes aperta, mas o normal é ser normal.

Então eu não entendo essa superioridade do digital. É superioridade pra baixo? Porque tudo é pior. Digital só é "superior" mesmo, enquanto possibilidade fotográfica, para fotojornalismo, por causa da facilidade de transmissão das imagens e por causa dos ISOS um milhão e duzentos. E mesmo assim essa superioridade só se traduz no hard news, onde pouco importa a qualidade.

Eu acho que esse pessoal que fica defendendo digital gosta mesmo é de ficar vendo na telinha.  :fight:

Quer ver a pergunta matadora: Aos que estão defendendo digital, vcs têm fotômetro? :D

Duvido! Deve ser tudo viciado em ficar vendo na telinha...  :assobi:

Inclusive pra mim, em termos práticos, uma das grandes vantagens do filme é eliminar a "flanelagem" na fotografia de estúdio. O diretor de arte/produtor/editor/cliente/whatever é OBRIGADO a confiar em vc e ficar quieto, ao invés de ficar em cima do seu ombro pedindo pra ver e dando pitaco.

Branco Melo, vc está olhando só pros lados e pra baixo. Olha pra cima.

O filme não vai acabar, nem o caviar, nem o champagne, nem as mulheres realmente bonitas. O fato dessas coisas não serem pra todo mundo não significa que elas vão acabar, muito pelo contrário. O que o preço alto dessas coisas revela é exatamente o quanto a sociedade contemporânea valoriza esses bens. Quem não pode comprar é demanda reprimida, mas continua sendo demanda. :D E às vezes pro produtor mais vale ficar num preço onde a demanda capaz é menor em número de indivíduos mas as margens sejam mais compensadoras do que um ponto da curva onde atenda toda a demanda disponível por um preço baixo. Nem sempre é melhor vender mais, existe um ponto ótimo na curva (às vezes mais de um) e quem cálcula isso na Fuji, na Kodak, na Ilford, deve ser um economista, não deve ser um idiota qualquer.

O próprio mercado de fotografia enquanto serviço é um exemplo claro desse tipo de processo: Quem cobra caro e trabalha pouco costuma ganhar muito, mas muito mais mesmo, do quem cobra barato e trabalha todo dia.

E empresas servem pra dar dinheiro, atender as "necessidades" do consumidor é um meio de ganhar dinheiro, apenas. Empresa pra fazer consumidor feliz não é empresa, é igreja. Se for dar mais dinheiro atender menos gente cobrando mais caro, é isso que a empresa DEVE fazer, pelo bem dos seus funcionários, da sociedade e da própria empresa. Pros que ficaram de fora da brincadeira sempre existirão as igrejas.

E eu acho que o filme "acabou", assim pro povão, por causa disso. Quantas fotos o povo revelava e imprimia antigamente? Por mais que pareca muito com o que se imprime hj, financeiramente é nada se comparado a quantidade de gadgets eletrônicos vendidos sob a alcunha de fotografia digital, gadgets esses que tem que ser trocados de dois em dois anos, e são indiscutivelmente mais presentes na vida das pessoas do que as máquinas fotograficas eram, por causa de sua portabilidade e facilidade de uso, a despeito da qualidade.

O que dá mais dinheiro? Amadores com uma máquina que vai durar o resto da vida mas que só vão queimar um filme por mês, ou apostar na obsolescência programada e ir tirando o dinheiro desses amadores de dois em dois anos de batelada, e ainda fazer o bobão achar que está economizando?

Mas é como o Tião falou: muda só a base, exclusivamente a base.

EDIT: A única coisa que eu discordo foi o que o afshalders disse com relação a "durabilidade" do filme ser maior que o meio digital. Fazer backup em CD ou DVD em casa seria o mesmo que receber os negativos no envelope do lab e jogar numa caixa de sapatos no alto do armário, aqui a dez anos vai estar tudo ferrado tb. Vc pode alugar um HD na Rússia, um na China, outro nos Estados Unidos, e outro em Madureira, tudo pela internet, e vc só perde as suas fotos se acabar o mundo mesmo. Já um armário de negativos, por mais que seja um super ultra mega armário/arquivo climatizado, se a sua casa pegar fogo já era.

O que não impede de ter todo esse armário de negativo digitalizado e nos respectivos HDs da China à Madureira tb, além dos negativos no armário.
« Última modificação: 06 de Abril de 2010, 09:43:27 por thiagolara123 »
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pauloh

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Resposta #65 Online: 06 de Abril de 2010, 09:42:19
Em julho de 2009 vi uma entrevista na Record News com o grande fotógrafo brasileiro Araquém Alcantara.
Quando foi perguntado qual equipamento fotográfico usava, ele respondeu que utilizava câmeras analógicas Canon e Leica.
Eu também acho a fotografia analógica válida comercialmente, claro que a praticidade das digitais é muito maior. Mas se um fotógrafo quiser fotografar profissionalmente com filme, que mal há nisso?


Elmo

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Resposta #66 Online: 06 de Abril de 2010, 11:32:23
Só consigo ver alguém ganhando dinheiro com fotografia de filme hoje se for um mtrabalho bem autoral - na falta de um termo melhor, fica esse mesmo - Mas "no varejo" não há mais espaço. Aliás, os exemplos que citou como sucesso pelo Thiago, são todos por ai. E raros, pensemos bem. Trabalho sob encomenda com filme? Gostaria que houvesse essa demanda...


ELIAS

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Resposta #67 Online: 06 de Abril de 2010, 11:50:10
...sem contar que é mais ecologica, pois voce não se preocupa em guardar um monte de filmes revelados, e depois de um certo tempo te-los que jogar no lixo, poluindo ainda mais o meio ambiente, porque não tem mais serventia pois o cliente já não precisa mais.
Para quem usa a fotografia como ganha pão sabe bem o que quero dizer.

Olá, Branco

Eu ia comentar a respeito da sua visão ecológica, mas o Elmo já disse..

Mais uma coisa, desde quando é "ecológica" a prática digital? Tenho câmeras aqui em funcionamento desde 1937. Uma digital irá para o lixo em menos de 10 anos, assim como um punhado que estão sendo produzidas hoje em dia. E meus negativos (e positivos) não vão pra lixo algum, pelo menos enquanto eu estiver vivo. Tenho aqui uma boa quantidade de analógicas e apenas uma digital, a única descartável da coleção.

Era justamente o que eu ia dizer.
Do jeio que os lançamentos andam, e a gente sempre quer uma DSLR nova por causa desse ou daquele recurso... e o mercado de usados despencando cada vez mais...
Daqui a alguns anos, quem não vai achar comprador nenhum, são as digitais usadas, de vários anos...
E olha que o tamanho do lixo, no galope que a coisa vai, vai ser bem grande.
E tem também as baterias...


Quanto aos negativos, na minha experiencia profissional, discordo do que afirmou.

Trabalhei com fotografia social usando analógico de 1995 à 2004. Nunca joguei um negativo sequer.
Tenho tudo guardado no sótão da casa de meu pai.
Se vem algum cliente querendo uma cópiazinha de um evento antigo desse, eu com certeza vou torcer o nariz... do trabalhão que teria pra procurar, e é bem capaz de eu acabar fazendo uma reprodução (com digital) da foto que ele tem, do que ir procurar o negativo.
Mas se aparecer uma noiva desesperada.. que perdeu seu álbum inteiro por qualquer motivo, os negativos estão lá.
E mesmo que se passe um bom tempo.. acredito que não vou ter coragem de jogar fora.


Abraço
Elias Vieira dos Santos
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Resposta #68 Online: 06 de Abril de 2010, 12:32:31
Mas Elmo, o que importa são as excessões. As de cima.

O que eu tô querendo dizer é que não é "falta" de filme. O que falta é poética que seja mais cara que os custos de produção. A partir do momento que a tônica do trabalho é a sua poética, o valor desse trabalho será nivelado pelo valor do conteúdo poético, e nesse caso os custos de produção se tornam irrelevantes, sejam eles quais forem. Os exemplos que eu citei em arte foram pra demonstrar exatamente até onde dá pra ir, mas é claro que isso não pra tomar como exemplo de workflow.

E só pra fazer uma delimitação, o negócio do Gursky é mesmo leilão, mas o Crewdson trabalha com lista de "perspective buyers", ou seja, vc entra numa fila pra comprar, e quando ele vai fotografar os cinco compradores daquelas cópias já pagaram antes. É autoral, mas sob encomenda.

Moda por exemplo, é sob encomenda, e ser autoral é uma questão de sobrevivência.

Em casamento, eu me lembro de ouvir sobre um senhor americano que morava aqui no Rio que fazia casamentos, 12 por ano, 5000 dólares por casamento mais os custos. Hassel e PB.

É o que eu falei lá na primeira página, tem que mirar em clientes que entendam a fotografia como linguagem, são esses que vão dar valor à questão autoral. Pros outros é preço, e não há como concorrer com um leigo com uma digital em preço. Pode ver a qualidade das perguntas que aparecem lá na sala de DSLR. O povo fecha o casamento sem nem ter comprado a máquina ainda. E tá trabalhando! Tem cliente pra esse cara, o cara que não sabe nada!

Então pra entrar num mercado desse (casamento, evento, sei lá como é nome desse mercado) tem que se posicionar legal, senão o rodamoinho puxa mesmo.

Mas em qualquer proposta há espaço para ser autoral. Aliás, acho que não há como não ser autoral. Tudo o que vc faz é autoral. Pode ser é bem ou mal resolvido, bom ou ruim, a autoria pode ter valor ou não.

Hj o meu esquema aqui me custa 70 irreais por rolo, 4,37 o click. Esse preço inclui negativo, revelação, contato e escaneamento em 16mpx. Com 1000 reais dá pra fazer 228 clicks, de médio formato (645).

Convenhamos, não é esse dinheiro todo. Dependendo do trabalho é absolutamente irrelevante. Se vc vai fazer um catálogo, por exemplo, o cliente vai ter que pagar modelo, produção, maquiagem, cabelo, comida, transporte, segurança... 1000 reais de filme passa batido, ainda mais se vc for comparar o preço do equipamento digital (que vc TEM que cobrar do cliente) com o preço do analógico. Aí fica zero a zero.

Sei lá, eu tô entrando no mercado, quem sou eu pra falar alguma coisa. Mas a impressão que eu tenho é que nego tem medo mesmo, e prefere ficar conferindo tudo na telinha, do que fazer a parada direito, correr o risco de fazer uma besteira e se ferrar. É falta de confiança em sí mesmo.

É o que eu vejo, entendeu? Eu fui assistente de algumas pessoas aqui no Rio, e Deus que me perdôe por falar isso, mas eu NUNCA vi nego pegar um fotômetro. Aliás, eu estou falando isso daqui do alto da minha própria frustração com o mercado, é por isso que eu tô indo pra SP, o nível aqui no Rio é bem baixo, de uma forma geral. Nego não me dá dinheiro pra executar as coisas da maneira que eu gostaria.

Entendeu, aqui não tem mercado pro que eu quero, eu vou mirar em outra direção.

Agora, o que não dá é pra botar a culpa no filme, ou no digital, ou em quem quer que seja. Antigamente a fotografia ordinária era feita com filme, hj com digital. Mas o extraordinário continua no filme.

E se o lugar do filme hj é justamente o topo da cadeia alimentar, eu não vejo como dizer que o filme está "morrendo". O que está morrendo é a fotografia social por si mesma, pela ocasião, pois agora todo mundo tem uma câmera. A fotografia social com identidade e padrões de qualidade específicos vai continuar existindo sempre.

E o filme, coitado, não tem nada a ver com isso.
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Leandro Rodrigues

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Resposta #69 Online: 06 de Abril de 2010, 13:05:46
Se a dúvida é sobre o futuro profissional das analógicas, acho que esse futuro ficará restrito a trabalhos e estudos específicos. Já para books, que é o caso da sua cliente (imagino que ela queira um book da gravidez) o uso da digital é mais adequado pra você não perder o cliente, independente da diferença de qualidade. Isso é normal num mundo consumista e materialista. A culpa não é dela, mas sim do sistema que cria falsas verdades em prol do lucro. A indústria quer mais é que tudo vire 100% digital, pois a cada ano lançam um computador novo, um celular novo, um IPad da vida e uma máquina com 1 ou 2 mais MP que a anterior. Óbvio que na cabeça dessa mulher uma máquina analógica é ultrapassada. Na rede de amigos dela ninguém tem uma dessas (é o caso da maioria) e pode nunca nem ter visto uma.

Se você não abre mão da analógica, esse é o seu trabalho, o seu diferencial, bola pra frente, que com certeza ainda existem pessoas que vão conhecer e saber diferenciar o que é bom. Claro, profissionalmente você terá que pagar um preço, mas também poderá ser recompensado pelo prazer que é fotografar com analógica.

Abraços,


Renato Picarelli

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Resposta #70 Online: 06 de Abril de 2010, 16:11:44
Esta ai um desafio interessante no qual vou correr os riscos :ok:

Vou montar um Lab em casa. Vou trabalhar com filme e o digital será usado em casos especificos porque não se pode nos dias de hoje dispensar clientes. Vou contrariar a maioria, vou em caminho oposto a tendencia e tentar transformar o meu caminho em tendencia. E depois com um bom papo e uma boa apresentação de trabalhos analógicos e seus processos é capaz de muitos clientes se encantarem e darem valor a esse trabalho.

Eu vou mais além, vou dar certo em meu negócio, porque acredito em mim, em minha camerá e em cada dia que tenho dedicado muito de meu tempo a estudar fotografia. Vou fazer diferente. Com certeza esse caminho vai fazer diferença lá na frente. E pra melhor. :clap: Porque diferente de acreditar eu vou fazer com que ele seja o melhor caminho.


Mais uma vez obrigado a todos!
Renato Picarelli - Minha lente e meus olhos se unindo para transformar momentos em imagens!

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Renato Picarelli

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Resposta #71 Online: 06 de Abril de 2010, 16:22:02
Senhores, não sei até onde vai chegar essa conversa...
Mas, vou dar pitaco tambem... li este topico desde o inicio e ouso dizer, meio que contra vontade  que, as analogicas estão com os dias contados, é triste mas é fato e todo mundo aqui sabe bem da praticidade das digitais e tambem do custo-beneficio, sem contar que é mais ecologica, pois voce não se preocupa em guardar um monte de filmes revelados, e depois de um certo tempo te-los que jogar no lixo, poluindo ainda mais o meio ambiente, porque não tem mais serventia pois o cliente já não precisa mais.
Para quem usa a fotografia como ganha pão sabe bem o que quero dizer.
Sou fotografo a alguns anos e a minha... "migração" rsrsss, para a digital so aconteceu no ano 2008 quando notei que estava perdendo espaço para outros.
Estava um dia num evento, e o prefeito daqui pediu para fotografa-lo, protamente fui... "minha camera, uma Elan 7n" fiz as fotos, e para minha surpresa, aquele senho de seus 70 anos pediu para olhar as fotos, naquele momento. Eu meio sem graça lhe disse que era de filme.
Foi só ai que percebí que era hora de mudar.
Não por vontade, mas por nescessidade.
Tô ha um ano e meio com digital e falando francamente e comercialmente não me arrependo.
Ainda guardo a minha camera analogica e não a vendo por nada, sem falar que nenhum fotografo quer comprar uma analogica por mais barata que se queira vender, ficará como lembrança quando o bom e velho filme se for.
Respeito a opinião de todos aqui, mas se Niépce fosse vivo ficaria muito feliz em saber a que nivel seu invento chegou.
Proponho que denhamos tempo ao tempo para que a fotografia digital evolua para seu segundo estagio e se compare a qualidade dos filmes, pois todo sabem que o filme não chegou onde está da noite para o dia.
Abraço.
     
Caso algum dia pense em vender sua Elan entre em contato comigo, eu vou por ela pra trabalhar bastante, eu acho uma camera muito boa.
Renato Picarelli - Minha lente e meus olhos se unindo para transformar momentos em imagens!

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Branco Melo

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Resposta #72 Online: 06 de Abril de 2010, 22:02:31


Quanto aos negativos, na minha experiencia profissional, discordo do que afirmou.

Trabalhei com fotografia social usando analógico de 1995 à 2004. Nunca joguei um negativo sequer.


Tenho tudo guardado no sótão da casa de meu pai.
Se vem algum cliente querendo uma cópiazinha de um evento antigo desse, eu com certeza vou torcer o nariz... do trabalhão que teria pra procurar, e é bem capaz de eu acabar fazendo uma reprodução (com digital) da foto que ele tem, do que ir procurar o negativo.



Mas se aparecer uma noiva desesperada.. que perdeu seu álbum inteiro por qualquer motivo, os negativos estão lá.
E mesmo que se passe um bom tempo.. acredito que não vou ter coragem de jogar fora.


Abraço
De que adianta ter os negativos guardados se vc acaba fazendo com digital.

Elias, vc trabalhou 9 anos com analogica, certo isto leva a crer que, vc não trabalha mais ou usa  digital estou certo, porque?

Gente respeito a opinião de todos.
Eu tambem comecei com analogica, e como ja disse entes mudei para digital só a um ano e meio,
acredito que todos que estão participando deste topico tem uma digital, ou não?
Sei bem que a fotografia digital popularizou ainda mais a fotografia, e qualquer um que tem uma camera já acha que é fotografo o que na minha humilde opinião não é verdade
Quiserá eu poder escolher os meus clientes, como alguns dos senhores, mas, na pequenina cidade onde moro ouso dizer, passaria fome ou mudaria de profissão.
Por esse motivo tenho que acompanhar a correnteza.

Em uma casa tem o cão e o gato, os donos da casa resolvem mudar-se e esquecem dos animais, o cão corre atras da mudança o gato fica na casa vazia.
Eu prefiro ser o cão, mesmo sabendo que corro o risco de não alcança-la e me perder no caminho, é um risco, mas, fazer o que?
Ainda uso a minha analogica comercialmente vez ou outra e mais para meu lazer.
Poi isso meu caro Renato é que não pretendo vende-la.

Concordo com que o Leandro disse.
Se a dúvida é sobre o futuro profissional das analógicas, acho que esse futuro ficará restrito a trabalhos e estudos específicos. Já para books, que é o caso da sua cliente (imagino que ela queira um book da gravidez) o uso da digital é mais adequado pra você não perder o cliente, independente da diferença de qualidade. Isso é normal num mundo consumista e materialista. A culpa não é dela, mas sim do sistema que cria falsas verdades em prol do lucro. A indústria quer mais é que tudo vire 100% digital, pois a cada ano lançam um computador novo, um celular novo, um IPad da vida e uma máquina com 1 ou 2 mais MP que a anterior. Óbvio que na cabeça dessa mulher uma máquina analógica é ultrapassada. Na rede de amigos dela ninguém tem uma dessas (é o caso da maioria) e pode nunca nem ter visto uma.

Se você não abre mão da analógica, esse é o seu trabalho, o seu diferencial, bola pra frente, que com certeza ainda existem pessoas que vão conhecer e saber diferenciar o que é bom. Claro, profissionalmente você terá que pagar um preço, mas também poderá ser recompensado pelo prazer que é fotografar com analógica.


Elmo vc disse:
Ninguém aqui nessa sala defende o uso da fotografia com filme comercialmente. Somos um grupo interessado no prazer que o analógico nos proporciona, somente isso. O termo "comercial" aqui é uma coisa que não nos interessa. Muito poucos que frequentam essa sala, ou quase ninguém, tem interesse em ganhar dinheiro com fotografia de filme.
 
Acredito que vc então não ganha a vida como fotografo, e sim por hobe.
Antes da digital não se comercializava a analogica?
Her, taves a digital não seja a evolução da analogica como falei antes, taves alas andem paralelamente por muuito tempo. Mas até quando?
E quem ficará?
Ou as duas ficaram?
É fato, a digital veio pra ficar. E se voces não notaram as lojas não vendem mais analogicas novas, salvo algumas, outras na sua maioria  usadas.
Chegara o dia que não se encontrará em lugar algum e aí?
Teremos que nos render, mesmo conta vontade às digitais.
Senhores não tenho nada contra a nalogica ou digital so acho que o fotografo que ganha esse pão suado de todo dia tem que dar o que o pulblico quer. Se ele quer analogica dê analogica, se quer digital dê digital.
Eu tenho clientes que ainda preferem a analogica.
Quando vou para um evento levo as duas.
É isso.
Abraço.
Cameras: Canon 60D, T5i, T3i, Elan 7n; Objetiva: Canon EF 55-250mm, Canon EF 28-135mm macro, Canon EF-S 18-55mm, Sigma EF 28-105mm. Canon 18-55mm; Canon 24-105 USM Is L; Flashs: Canon speedlite 540EZ, Canon speedlite 430EX2, flash yongnuo YN 568ex ii.

 http://www.flickr.com/photos/photografobranco/


ELIAS

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Resposta #73 Online: 07 de Abril de 2010, 10:04:43
De que adianta ter os negativos guardados se vc acaba fazendo com digital.

Elias, vc trabalhou 9 anos com analogica, certo isto leva a crer que, vc não trabalha mais ou usa  digital estou certo, porque?


Olá Branco,

Conforme escrevi nesse tópico, trabalho com eventos sociais desde 1995. Em 2004 migrei pro digital.

Não discordo de você que comercialmente, hoje o digital é vantajoso.
Se você voltar um pouco vai ver o que já falei lá atrás...
Principalmente em eventos, fica dificil fotografar em analógico hoje, sobretudo pra quem fotografar pro povão.

Eu só argumentei o que você disse, a respeito do analógico poluir, pelos negativos que se jogão fora.. colocando meu exemplo que dos 9 anos fotografados casamentos, aniversários, batizados.. está tudo arquivado e não pretendo jogar fora.
Foi onde comentei, que dá um trabalhão pra procurar isso, se precisar... que por causa de uma fotinha, as vezes nem compensa... Mas se um cliente realmente precisar, está lá!


Nesta sala, está os amantes da fotografia analógica. Onde na sua grande maioria fotografam por hoby.
Eu mesmo que fotografo social hoje exclusivamente com digital, minhas analógicas ficaram só pra fotografar por hobby (impulsionado pelos exemplos dos companheiros presentes nessa sala).

O que não fica bem, é vir nessa sala onde estão os amanates da fotografia com filme dizer que o filme vai acabar.
É lógico que um dia vai.. tudo vai acabar um dia...
Mas com certeza vai durar bastante.

Se eu não achar na minha cidade, vai ter pra comprar pela internet e mandar vir de São Paulo.
Se não tiver em São Paulo, a B&H ainda vai ter.
Se a B&H e as marcas que conhecemos desistir... ainda vair ter vários filmes chineses a venda no Ebay, que a gente compra pela internet.

Então pra quem gosta de filme.. é mais fácil a gente acabar, antes dele! :D


Abraço
Elias Vieira dos Santos
Jaú - SP

www.eliaseelizeufotoevideo.com


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Resposta #74 Online: 07 de Abril de 2010, 12:56:41
Verdade Elias...