Pera aí, não se pode comparar câmeras fotográficas com carros. Um carro, desde a prancheta até ficar pronto para rodar nas ruas, leva uns 10 anos ou mais. Hoje estão sendo pensados carros que serão lançados depois de 2020. O tempo de reação é muito longo e além da análise mercadológica, essa baseada no consumo quase imediato, ainda deve-se ter uma boa previsão do futuro. Um erro e pode-se perder o mercado.
Já câmeras fotográficas tem um ciclo curtíssimo. Por exemplo, a Canon já tem um sensor capaz de foco por fase de maneira eficiente, o da 70D. É só pegar a 70D, tirar o espelho e o sensor de foco por fase, substituir o OVF por um EVF, programar o firmware para estar sempre em liveview e pronto, teremos uma mirrorless mais leve, com EVF e com um custo mais baixo do que a 70D atual. E isso pode ser feito em meses, quando muito, já que todo o restante da parte eletrônica já existe.
E porquê isso não é feito então ?? Simples, porque mirrorless vendem muito menos que DSLR's. A câmera mais vendida no mundo é a T3i, seguida das Nikon de entrada. No momento que o pessoal se acostumar com o EVF e as limitações da falta de um sensor específico para autofoco - limitações estas que provavelmente um dia serão superadas - tanto Canon quanto Nikon rapidamente se adequarão.
Além disso, junto com as câmeras vem normalmente um bom investimento em acessórios que dificulta uma migração. É fácil trocar de Fiat para Ford, mas quando se tem que vender alguns milhares de dólares em equipamento usado para comprar tudo novamente de outra marca, as coisas se tornam mais difíceis.
E o mais importante, tudo depende da importância que cada característica tem para cada um. Para o cara do blog, o DR da Nikon é o fator mais importante. Para outros, a qualidade e disponibilidade das lentes da Canon é o mais importante. Não existe uma marca, ou mesmo uma câmera, que agrade a todos em todos os aspectos.
O que mais vejo é blogueiro-fotógrafo posando de analista de negócios de nível internacional, colocando a sua necessidade (e suas escolhas) na frente de tudo, esquecendo-se que estas empresas não faturam bilhões de dólares anualmente por acaso e que provavelmente tem um grupo de analistas que deve ser bem mais capacitado do que eles próprios.