Marcelo faz porque mesmo sendo da mesma holding são empresas diferentes, você tem a tecnologia, tem a planata, então você fabrica para vender, isso é básico em administração. Você não domina a cadeia toda só para fazer para você. Você domina a cadeia para fazer para você, mas você também pode vender para concorrentes se isso não prejudicar suas estratégias globais. A divisão de semi-condutores não é só para atender a Sony, a Sony imagem é apenas um cliente interno deles, eles produzem também para outros clientes internor e muito para fora também. São um dos principais fornecedores do mundo e a Nikon não é nem de perto um cliente significativo para eles em termos estratégicos, para você ter uma idéia a Canon muito mais do que a Nikon só em sensores de compactas (lembrando novamente que estas informações não são segredos, as SA são obrigadas a fornecer no link relações com os investidores e nos meios de contato para tal).
Esta "dependência" não é normal como você diz, é preciso entender a diferença entre relação comercial e dependência. Uma empresa comprar da outra é normal, depender é algo muito diferente de comprar, você pode comprar e ter uma relação equilibrada com o fornecedor, você pode comprar e ter um bom poder de barganha sobre o fornecedor (isso ocorre quando você é um daqueles 20% de clientes que garantem 80% da receita e tem várias alternativas, isso faz com que o poder de barganha fique do lado do cliente). Ou você pode comprar porque depende do fornecedor e isso ocorre quando você não está entre os 20% dos clientes que garantem 80% das receitas (o que a Nikon não passa nem perto na divisão de semicondutores da Sony) e quando não há alternativas viáveis (seja por questão tecnológica, financeira, técnica, ou qualquer outra coisa). Estes problemas aumentam o poder de barganha do fornecedor (modelo de 5 forças de Porter, básico para qualquer administrador de empresas).
No caso da Sony ela compra da Sharp (e de outras), porque ela faz bem e barato, vale a pena para ela comprar neste caso. Mas ela ainda pode comprar da Philips, que faz igualmente bem, da NEC, da Samsung e assim por diante. Todas elas podem fornecer este tipo de painel sem muito problema e com alta qualidade dentro das necessidades dela, principalmente porque ela é uma das grandes compradoras de telas de TV.
Já a Nikon encontra-se hoje "estrangulada" em termos de poder de barganha, porque Samsung já está com contrado de favorecimento em parceria fechada com a Pentax, a Matsushita também está com contrato de favorecimento com a Oly e a Leica, a Sony favorece a ela mesma, a Canon eu acredito que forneceria, mas também favorecendo a ela mesma e ai seria um tiro no pé ainda maior para a Nikon (porque queiramos ou não o grande adversário da Nikon no mercado é a Canon). Sobra mais a Fuji (com seus sensores extremamente caros, lentos e beberrões de energia, o que tiraria a Nikon do mercado de fotojornalismo) e a Kodak (com seus sensores muito ruins). A Nikon também é um comprador pequeno de semi-condutores. Lembre-se que este mercado não é só de sensores, é um mercado que envolve diversos componentes e muitos dos fornecedores (como a Samsung, a Sony e a Matsushita) são gigantes com clientes ainda maiores do que eles (o que não ocorre no caso da Nikon, que é menor que a divisão de semi-condutores da Sony). Então na verdade a Nikon não tem poder de barganha significativo nesta relação, porque ela é a única que não possui um contrato de favorecimento e é a que mais perde em uma eventual mudança de fornecedor, porque qualquer um dos fornecedores que ela adote será no mínimo tão ruim quanto para ela.
Analisando estrategicamente o mercado os problemas desta posição da Nikon é evidente diante de qualquer administrador com o mínimo de formação. Ela está em uma posição muito ruim, não tem como mudar, tanto que ela paga por um sensor quase o preço que a Sony deverá colocar no mercado uma câmera com o mesmo sensor (O sensor da D3x está sendo vendido para a Nikon por cerca de US$ 1500,00 a unidade, estima-se que a A850 virá ao mercado por US$ 1800,00 com o mesmo sensor). Se ela não estivesse engessada com o fornecedor certamente este preço não seria tão elevado e certamente ela não aceitaria as defasagens que vem sofrendo em seus lançamentos.
A boa notícia é que é certo que os estrategistas dela estão cientes disso e é certo que eles tentam amortizar este problema com estratégias focadas em outras áreas onde são fortes, como a imagem frente ao cliente e sua posição de diferenciação. É claro que esta posição pode ser limitada pelo processo de fornecimento, mas nada que seja tão dramático no curto prazo.