galera
e um comentario legal
como curiosidade,
do ponto de vista tecnico.
Eu sou fotografo PRO da epoca
que os sensores nao existiam,
para mim se os sensores sao feitos pela Nikon ou pela Nestle,
nao tem nenhuma importancia em absoluto
concordo com Guto, com Arda e com Paulosfy.
Desde que eu tenha a mas alta qualidade no meu trabalho,
ate a Petrobras pode fazer os sensores,se quiser
Abraço
Angelo.
Ângelo esta acho que é uma concordância geral. Porque do ponto de vista do consumidor consciente pouco importa a marca, o que importa são os resultados. O problema é que a maioria esmagadora dos consumidores não são consientes e no mercado de eletrônicos algumas marcas não possuem consumidores e sim seguidores, e isso cria alguns problemas estratégicos, que são os bastante interessantes (e são os problemas que os reais interessados na área vêm discutindo).
Ninguém que trabalhe com gestão, ou que consuma de forma consciente acha errado a Nikon comprar de terceiros, isso é comum no mercado. Quando tratamos de indivíduos que consomem de forma consciente esta é a postura correta a ser adotada, porque o consumidor de verdade transita entre as marcas de acordo com o valor percebido no produto e não importa quem faça cada parte, tampouco quem entra com essa ou aquela tecnologia, o consumidor quer saber de resultados finais.
Já os seguidores são um público mais complicado, porque você estrutura um grupo de seguidores com base em todo um conjunto de doutrinas, das quais, uma delas é mostrar que ter algo de uma determinada marca o torna diferente, melhor do que os demais. O seguidor é um tipo de comprador que compra o status de fazer parte de um clube. Quando se informa que um audi A3 é na verdade um golf maquiado, ou uma Nikon tem componentes que chegam depois e, em alguns casos, podados, isso corta um pouco desta magia para formar seguidores.
Digo isso para ressaltar que a questão aqui não é a qualidade desse ou daquele equipamentos. As discussões que temos neste sentido são estratégicas, como cada empresa vai lidar com as condições de mercado que estão surgindo. São discussões sobre como o negócios de câmeras digitais está sendo gerido e suas implicações e não sobre a qualidade dos equipamentos. Esta é uma área que me interessa muito, pois é minha área de pesquisa acadêmica e acredito que outros usuários da áea industrial, como o Leandro, tenham o mesmo tipo de curiosidade pela dinâmica e resultados destes casos. O interesse destas discussões é tão somente com relação à estrutura da indústria e as estratégias que estas adotam para serem mais ou menos competitivas.
Como gestão é um conjunto de tradeoffs é legal sabermos o que cada um ganha e perde com cada ação e postura adotada. No caso da fotografia ela é um mercado onde a maioria das marcas trabalha com o conceito de seguidores. Hoje apenas a Canon e a Sony trabalham dentro da idéia de consumidores e isso cria particularidades interessantes para o mercado. Principalmente porque a única marca que fabrica uma parte considerável dos itens diferenciais de seus produtos é a Canon, que é uma marca que não procura formar seguidores, ou seja, é um mercado com particularidades muito legais.
Se, por um lado, o esquema de doutrinar seguidores trás certa estabilidade para os negócios, por outro ela trás problemas estratégicos como este que a Nikon está tendo que lidar depois da entrada da Sony no mercado (veja que antes da entrada dela ninguém discutia os sensores da Nikon serem Sony e isso era algo profundamente difundido). Basta ver como os seguidores normalmente reagem ao saberem que um produto tem um componente que não é feito pela empresa admirada e sim por uma concorrente. Outra questão é dos tempos e funcionalidade, normalmente os seguidores querem ser os primeiros e terem o que acreditam ser o melhor, para se sentirem de vanguarda. Quando passam a ver equipamentos similares sendo lançados antes e componentes críticos do produto que usam vindo com algumas tecnologias a menos isso também passa a ser um problema para este tipo de abordagem estratégica.
Temos então, neste caso, um problema estratégico sendo discutido e não um problema de qualidade do produto. Quem se sente ferido e perde a confiança em um produto nikon, por usar um componente sony, são aqueles que são seguidores da marca, que de alguma forma se sentem traídos em algum aspecto e isso, para marcas que trabalham com estratégia de formar legiões de seguidores, pode ser um sério problema estratégico a ser resolvido.
Para quem só fotografa e é consumidor (não seguidor) não faz diferença nenhuma mesmo, mas para os seguidores e para quem tem interesse na área de gestão é um assunto interessante. Os seguidores estão preocupados em não verem seus mitos desmoronarem e os interessados em gestão (como eu) querem saber como as empresas vão lidar com o problema e quais as implicações das abordagens que irão adotar.