Li um trecho do Flusser que se aplica muito bem ao trabalho apresentado. É uma pena que não posso colocar o livro todo aqui, que eu considero leitura obrigatória para quem quer entender um pouco melhor a sociedade baseada em imagens e informação na qual vivemos hoje.
"O novo engajamento político, entretanto, não se dirige contra as imagens. Ele procura inverter a função das imagens, mas admite que elas continuarão a formar o centro da sociedade por todo o futuro previsível. Ele procura fazer com que as imagens sirvam a diálogos mais que a discursos, mas não pretende aboli-las. O novo engajamento político nasceu no interior da revolução técnica atual, ele não se opõe a ela (como os fundadores das religiões não se opuseram à revolução neolítica, como os bolchevistas não se opuseram à revolução industrial no interior da qual nasceram). É que os novos revolucionários são "imaginadores", eles produzem e manipulam imagens, eles procuram utilizar sua nova imaginação em função da reformulação da sociedade. Os novos revolucionários são fotógrafos, filmadores, gente do vídeo, gente de software, e técnicos, programadores, críticos, teóricos e outros que colaboram com os produtores de imagens. Toda esta gente procura injetar valores, "politizar" as imagens, a fim de criar sociedade digna de homens" (Flusser, 1985/2008, p.94).
Nós, que fazemos fotografias, de fato dizemos algo ou apenas procuramos produzir um pequeno espetáculo, uma pequena diversão? Será que não estamos apenas alimentando essa torrente infinita de imagens sem significado, vistas e esquecidas no momento seguinte, apenas para dar lugar a outras imagens, na ilusão de estarmos de fato produzindo algo?
Referência:
Flusser, V. (2008). O universo das imagens técnicas: Elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume.